Terça, 31.
terça-feira, dezembro 31, 2024
segunda-feira, dezembro 30, 2024
Segunda, 30.
Aos ditadores tudo lhes é permitido. Com este pormenor: entenderem-se com os regimes democráticos ou dito de outro modo os governos e as ideologias vão a reboque dos interesses de cada país, pouco importando as orientações dos Estados. Neste logro em que vivemos, sobra a ousadia e a barbárie, o terror e a desumanização. Basta olhar para o que se passa na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, no Líbano, Jerusalém Oriental ou Síria. Netanyahu apropriou-se deles, varre-os de mísseis, impõe os seus objectivos, destrói e mata e ninguém se insurge, nenhum país (ou poucos) bate o pé e faz valer os direitos daqueles que Israel quer dizimar para sempre ou escravizar e dominar. Ainda a semana passada, as forças israelitas comandadas por outro ministro (o chefe está a ser operado à próstata), atacaram sem piedade o mais importante hospital do Norte de Gaza. Raul Manarte que trabalha para os Médicos sem Fronteira e esteve em várias zonas de guerra – Ucrânia, Sudão, Faixa de Gaza – desabafa: O que eu nunca vi foi as pessoas não poderem fugir. E nunca vi uma assimetria tão grande. As pessoas estão presas aqui num bocadinho de terra (referia-se à Faixa de gaza) e sente-se um colosso militar permanentemente: não só mata as pessoas, mas tortura-as.” O dito hospital Kamal Adwan, acabou por fechar, devido aos bombardeamentos, aos incêndios, à carnificina que se seguiu. A justificação é sempre a mesma mentira: eliminar os combatentes do HAMAS. O director do hospital, Hussam Abu Safiya, anunciou a morte de cinco membros do pessoal, incluindo um médico. Vou dar a palavra de novo a Alexandra Lucas Pires, no seu artigo de duas páginas anteontem no Público. “Esse horror não seria possível sem as bombas e os milhões dos EUA. Biden é um criminoso de guerra. Como Scholz, Ursula, a maior parte da UE (com três ou quatro países a fazerem a diferença). O mundo que permite que se extermine um povo em nome de Deus, e ainda se considera religioso. Mas Deus não tem culpa, só os humanos mesmo. Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, primeiro-ministro Luís Montenegro, ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel, restantes ministros: vão continuar a ser cúmplices de um genocídio? Quando vão ter coragem para enfrentar o fecho da embaixada israelita em Lisboa? Quando vão exigir aos israelitas que querem ser portugueses que provem que não estiveram envolvidos neste genocídio? E que vão fazer quando os vossos filhos ou netos vos perguntarem que fizeram contra isto?” Estas são as questões. Quando a troco de uns quantos israelitas se mataram 45 mil palestinianos, esta barbaridade fala por si e constitui a maior derrota de Benjamim Netanyahu. Que subentendido pouca importância tem, sendo que o essencial é a destruição de todos os palestinianos e a ocupação de um vasto território junto ao mar.
- Ontem deu-me para escutar por uns instantes o comentador de domingo da SIC. Dizia o homem que elegia dois políticos do ano: Montenegro e António Costa. Quanto a este, na lógica dos pensadores que palram desalmadamente e têm Portugal nas arestas do coração, disse o candidato a Belém que Costa era um prestígio para Portugal no cargo que ocupa e acrescentou “como Durão Barroso prestigiou Portugal” – só não explicou como e em quê o do sorriso pateta nos honrou. Se há comparações, espero que António Costa não acabe num qualquer banco americano e com a reforma da UE suprimida por corrupto.
domingo, dezembro 29, 2024
Domingo, 29.
É muito corajoso e inteligente o artigo de ontem no Público assinado por Alexandra Lucas Coelho, Israel acabou. O futuro é da Palestina. É meu dever transcrever para aqui algumas passagens que nos elucidam de uma forma abrangente o que se tem vindo a passar na Faixa de Gaza. Em sintonia com ela, por estas páginas passaram algumas das suas ideias e observações. Vejamos. “Há instruções escritas para esta limpeza ética? Para o genocídio? Que se saiba, não. O que só convém às lideranças, como diz Mordechai (historiador da Universidade Hebraica de Jerusalém, doutorado em Princeton) acautelando futuros julgamentos. Mas houve inúmeros apelos à destruição geral de Gaza, comparações dos palestinianos com animais, com bárbaros, com bárbaros, com inimigos da Bíblia, com inimigos da Bíblia, que deviam ser erradicados até aos bebés. Ao mesmo tempo que milhões foram gastos em propaganda para destruir críticos de Israel (incluindo a ONU), comprar vozes pró-Israel, multiplicar histórias falsas. Como eram falsos os 40 bebés decapitados do 7 de Outubro, ou as violações em massa do HAMAS, e relatos feitos pela organização israelita que primeiro esteve nos Kibbutzim atacados, a ZAKA, que Mordechai hoje considera descredibilizada (não porque o que aconteceu a 7 de Outubro não tenha sido atroz, mas porque foi distorcido desde a raiz e aproveitado politicamente.”
- O que nos espera com a chegada de Donald Trump, aconteceu na prisão de Marcy, em Nova Iorque. As imagens mostram vários polícias a esmurrar, a pontapear um pobre negro, magro e indefeso, algemado na enfermaria da prisão, como se fosse um enxergão, até à morte. Uma tal desumanização, um tal desprezo pelo outro, ainda que este outro tivesse exercido sobre a companheira violência extrema, manda o direito e a legitimidade da autoridade, que a justiça seja feita com dignidade e respeito pelo cativo.
- Ontem, tocado pela energia que o dia soalheiro me trouxe, andei uma hora com a roçadora a limpar o espaço em frente à casa. É dos trabalhos que mais gosto de fazer, embora a máquina não seja leve e o movimento de rins contínuo. Quando a noite se alojou e as portadas foram fechadas, respirei uma satisfação indizível, espécie de bem-estar quando somos abraçados e ficamos abandonados nos braços ternos de um amigo.
- Sexta-feira lá fui ao Gama Pinto fazer a biometria. O João meteu na cabeça que não me podia abandonar e, portanto, desde a Brasileira onde nos encontrámos ao hospital, passando pelo almoço e ida a uma grande e monstruosa loja aberta recentemente no Rossio - espaço antes ocupado pelo café-restaurante Suíça, onde ia muitas vezes tomar chá com a tia Dália e o tio Correia. O cuidado do meu amigo, foi ao ponto de mobilizar o genro para me levar de regresso a casa. A Gi que falou à noite e a quem eu contei este afeto, respondeu: “É bom que o tio tenha amigos assim, o tio também é muito dedicado aos outros.” Toma e embrulha, homem de Deus!
- A propósito do João Corregedor. O homem tem um grande e fastidioso defeito que é difícil de aceitar: a sua obsessão política enquadrada na área do PCP. Dizia-me ele que o que as televisões anunciam acerca do avião da Azerbaijan Airlines que caiu em território russo matando 38 pessoas e 29 sobreviveram, é mais um ataque a Putin pois se tivesse sido um míssil disparado por Moscovo, não teria escapado ninguém. Ontem, o presidente da Federação Russa, veio pedir desculpas pelo “trágico acidente”. Como é seu hábito, o ditador empurrou o desastre para a Ucrânia, defendendo-se que vastas cidades russas estavam sob o bombardeamento de Kiev, sem ter a coragem de dizer que o míssil era russo.
- Só tenho que rejubilar. Desde que a Fertagus decidiu aumentar o número de comboios Setúbal/Lisboa/Setúbal deixei de me preocupar com os horários. Saio de casa despreocupado, chego à estação e daí a meia hora ei-lo sempre em ponto na hora estabelecida. Outro dia, esperei no Rato três quartos de hora pelo autocarro 727 (que o João diz ser o 27 parco em precisão).
- Termino com um excelente adágio: “Um curso superior é só um diploma para se começar a aprender.” Os doutores da mula ruça que interiorizem as palavras de um homem culto, equilibrado, experiente e humanista que se chama Marçal Grilo. E de uma vez por todas, que se abule o tratamento saloio de doutor a qualquer universitário e seja atribuído somente aos médicos. Em Portugal, no Brasil e nas áfricas o DR é uma capa de lentejoulas de grande importância que enfeita analfabetos e prepotentes.
quinta-feira, dezembro 26, 2024
Quinta, 26.
O Nuno que desceu à cidade este Natal, ante a minha indiferença aos tumultos da quadra e à azafama das prendas (não gastei um tosto nelas, ignorando completamente esta sociedade de consumo), perguntou-me quando é que começara o aproveitamento do nascimento do menino Jesus que os cristãos (e não só) relacionam com os Reis Magos. Não soube responder, porque há historias para todos os gostos e nenhuma delas fiáveis, desde a que a situa nos anos 600 julgo que na Turquia, outra no século XVII e a mais recente que me parece mais credível, quando do aparecimento do Pai Natal na primeira metade do século XX nos EUA. Milhões e milhões de cristãos e não cristãos, no desequilíbrio dos gastos nisto e naquilo, puseram completamente de parte Aquele que nasceu na pobreza e morreu na Cruz. O fausto, a cobiça, o ridículo, o esbanjamento, não são apanágio de gente equilibrada.
- Marcelo, como todos sabemos, não precisa desta época para botar discurso. Mas necessita como pão para a boca do contacto com “os portugueses”. A solidão em que vive, leva-o, qual demagogo, a citar a frase que qualquer comunista adora agitar: “O povo é quem mais ordena.” Marcelo ainda não descobriu a quem servir.
- O curioso da política portuguesa, é verificar o confronto contínuo e sem descanso comandado pela oposição. Tudo o que o PS (os outros não contam para nada) acusa ao PSD, é rigorosamente aquilo que ele no governo fez em abundância e irresponsabilidade. O trolaró que vive em Belém, dirá “é a democracia a funcionar”; os portugueses, cansados, dirão: “É a ganância pelo poder em rubro:”
- Fui fazer uma hora de piscina. Em boa hora e dia, porque não havia vivalma. A água estava, enfim, própria para consumo, ainda que por aqui as noites tenham sido muito frias e os dias forrados de um sol medroso. Vou amanhã ter uma ligeira intervenção no olho esquerdo que esteve marcada para o dia 31 e foi mais uma vez alterada.
terça-feira, dezembro 24, 2024
Terça, 24.
Não tendo parado nestes últimos tempos, recusei sair de casa hoje. Muito embora leve sempre comigo o croché, e nele trabalhe entre dois encontros, duas viagens, duas idas aqui e acolá, a realidade é que os afazeres próprios de um caseiro solicitam-no a olhar também para o que se passa aqui. E não é pouco. Além de que sou igualmente dono de casa (dito idiota), e este facto diz muito da balbúrdia que aqui vai. Então, reclusão absoluta. Deixa as multidões derreterem o pouco que ganham e lhes é furtado pela sociedade de consumo, que se apropriou de uma data como quem faz um assalto à bolsa do incauto.
- Apareceu uma “carta aberta” divulgada anteontem pelo Público, que deve ter sido orquestrada por aquela figura, “ex-ministro de propaganda de José Sócrates”, chamada Augusto Santos Silva. A assombradora figura, hoje limitada a “personalidade”, insurge-se contra o que aconteceu no Martim Moniz e aos seus queridos imigrantes cuja dor se lhe expõe hoje ante a acção da polícia no Martim Moniz; quando ontem apoiou a sua entrada diretamente para a rua, sem qualquer abrigo, desumana e completamente entregue ao abuso e à escravidão. António Costa, o seu grande amigo, desorganizou o país e o que Luís Montenegro hoje tenta fazer, é dar bases sólidas para que Portugal volte a ser um país civilizado, onde todos os que queiram nele viver e trabalhar, se sintam seguros e dignamente respeitados... mas com regras e deveres. Não é o primeiro-ministro que dá ordens à Polícia como deve actuar, porque não vivemos na Rússia de Putin, na China de Xi Xinping ping, ping, na Coreia do Norte de Kim Jong-un, ou noutro qualquer país africano dos sobas radicais. É certo que temos uma esquerda pateta, mas isso não lhes dá direito a organizarem e a instrumentalizarem a opinião pública. Tenho dito.
domingo, dezembro 22, 2024
Domingo, 22.
A esquerda (BE, Livre, a dos cãezinhos) desceram ao Martim Moniz para oferecer aos infelizes importunados pela PSP, cravos de Abril!!! Propaganda que só diz respeito à obsessão que eles têm pelos média. Se se importassem verdadeiramente pelos que vivem na rua, passam frio e fome, não têm respeitabilidade nem lugar onde deitar a cabeça, tratariam de lhes levar comida, procuravam um sítio para viver e trabalho que lhes dignificasse a vida. Estes tipos, verdadeiramente, ainda não saíram do 24 de Abril de 1974.
- Não quero deixar passar em claro, embora já aqui tenha falado do caso, a condenação do monstro com quem a senhora Gisèle Pelicot viveu, que durante 10 anos meteu violadores na cama da mulher depois de a drogar: 20 anos de prisão. Às aberrações que a violentaram, sentenças que vão de 15 a uns quantos anos. A dignidade desta senhora, foi um exemplo para a França, sobretudo para as mulheres, que viram nela a bandeira de coragem erguida sobre o silêncio de milhares torturadas e ofendidas.
- António Costa, agora com o chapeau que lhe enfeita o sorriso, a primeira missão que empreendeu depois de ser entronizado, foi ir a Kiev garantir a Zelensky que a Ucrânia fará parte da UE. O Presidente ucraniano, decerto deve ter rido para dentro, ao lembrar-se das reservas que este mesmo senhor teve quando lá foi ainda primeiro-ministro de Portugal, segundo as quais não se deve oferecer falsas promessas porque a coisa vai ser muito demorada. Desta vez, deu a garantia de que o país vai mesmo fazer parte da União Europeia. Pois.
- Que mundo, irmã Agnes! Na Alemanha, um médico da Arábia Saudita, atropelou várias pessoas que passeavam em compras numa feira de Natal na cidade de Magdeburgo, no Leste do país. Do acto bárbaro, resultaram 70 pessoas feridas e 15 em estado crítico e pelo menos 11 mortos. O clínico psiquiatra vivia na Alemanha desde 2006. Os motivos, parecem estar relacionados com islamofobia.
- In memoriam de Pedro Sobral que morreu estupidamente atropelado a semana passada. Conhecia-o vagamente, mas sabia da sua imensa paixão pelos livros, com um impressionante esforço de trabalho na APEL. A ele se deve muito do que de bom aconteceu nas Feiras do Livro, o cheque-livro, a liberdade de imprensa, a luta pela permanência das bibliotecas públicas e itinerantes. Descansa em paz bravo homem. Como tu não há muitos em Portugal.
sábado, dezembro 21, 2024
Sábado, 21.
Claro que é lamentável aquela cena de pôr os imigrantes em fila, voltados para a parede, mãos no ar, enquanto agentes armados os revistavam. Aconteceu ontem, em Lisboa, na Rua do Benformoso, para os lados do Martim Moniz, poiso de muitos cidadãos vindos dos quatro cantos do mundo. Bem entendido, tanta acumulação de gente, não é obra deste ano. Pelo contrário, entraram sem rei-nem-roque nos últimos anos de governação socialista António Costa e por isso as esquerdas se insurgiram com tanto ardor. Criminosos foi esta gente que, montada nas ideologias, deixou entrar tudo e todos para os abandonar à sua sorte. Lisboa e Porto, oferecem uma imagem triste de centenas e centenas de sem-abrigo, vivendo ao Deus dará, cheios de fome e frio, sem horizontes e frustrados nos seus objectivos de uma vida melhor. Eu não tenho ilusões: ao BE, Livre, e à senhora dos cãezinhos (o PCP é mais sóbrio, mais organizado de ideias e menos impositivo nestas como noutras questões), o que lhes interessa é andar à tona, utilizar o protesto como forma de se fazer ouvir e com isso conseguirem umas quantas linhas nos jornais e presenças breves nos telejornais. As pessoas, portugueses ou estrangeiros, são o capacho para se fazerem respeitar. São residuais nos votos, mas falam e impõem-se como se tivessem a maioria.
- Quarta-feira reunimo-nos no Brasuca para o almoço de Natal. Obra do João que adora reuniões, almoços, botar discurso e defender os seus ideais quando encontra multidão propícia. Não foi o caso desta vez; pelo que me foi dado observar, só o maestro Vitorino de Almeida se prestou a escutá-lo. O convívio foi excelente e para mim revigorado com a presença do meu amigo Guilherme Parente há muito afastado por doença. Com os demais, vou estando regularmente, telefonamo-nos, estamos a par das alegrias e tristeza da velhice e o tempo que vier será à imagem desta foto que nos imortaliza.
quinta-feira, dezembro 19, 2024
Quinta, 19.
Os ladrões (ministros, secretários de Estado, empresários, funcionários públicos, empregados bancários ou banqueiros, directores deste e daquele sector estatal, todos, incluindo o gatuno de dez-réis de mel cuado, o larápio de rua sujeito às intempéries, deixaram de actuar à luz do dia, sujeitos a que a polícia lhes deite a mão. O roubo democratizou-se, está mais activo, pode ser feito no interior da prisão, dos gabinetes aquecidos dos ministérios, dos bancos, das repartições públicas, das casas de banho, dos quartos de hotel, nas esplanadas dos cafés, nos cinemas quando os filmes decorrem, enfim, em qualquer lado, dia e noite, desde que o meliante tenha consigo um iphone ou computador.
Foi o que aconteceu ao Robert e depois a mim.
Outro dia recebi um mail do “Robert” que me perguntava se me podia pôr um assunto delicado e confidencial. Respondi que sim, e fiquei inquieto.
No dia seguinte, recebo este e-mail:
Merci pour ta réponse. Pour tout te dire ces dernières semaines n'ont pas été faciles pour moi. J'ai des soucis de santé. Des crampes intestinales et des douleurs abdominales que je n'arrive pas à canaliser depuis un certain temps. Je m'interroge sans cesse sur ce qui va bien arriver ? Et quelles seront les conséquences ? Toutes ces interrogations me poussent à avoir un autre avis extérieur en consultant un spécialiste en la matière pour des analyses plus poussées. Nous devons nous revoir pour les résultats d'analyses. J'espère que mes doutes ne seront pas confirmés et que tout ceci sera un souvenir lointain … Bref, je t'en dirai plus dès la sortie des examens, n'ai aucune inquiétude . J'ai quelque chose de sérieux à te demander et cela me gêne un peu de te le demander. Y a-t-il un Tabac ou une Maison de la Presse où tu peux te rendre facilement ?.
De imediato este outro:
J'ai du mal à trouver des TICKETS ( TRANSCASH ) comme je le fais habituellement, c'est devenu un vrai casse-tête ici impossible d'en trouver. J'en ai impérativement besoin maintenant ! Il suffit juste de demander et informer le buraliste que tu as déjà une carte prépayée tu souhaites juste avoir les TICKETS ( TRANSCASH ) pour le rechargement de ta carte prépayée, cela fait partie de la procédure de paiements des TICKETS alors il saura de quoi parles-tu.
J'ai s'il te plaît besoin de 2 TICKETS ( TRANSCASH ) de 263e pour ma carte prépayée que j'utilise pour conclure certaines transactions importantes en ligne. En fait, ce sont des recharges que j'utilise pour régler certaines dépenses.
Une fois que tu les as, fait moi parvenir les numéros de rechargement qui y figurent par mail ou si possible me faire un scan.
N.B : Pour le remboursement, joint moi ton RIB, je te fais un virement maintenant à l'instant. Je t'appellerai dès que mon portable sera en service. Peux-tu y aller maintenant STP ?
Je reste en attente.
Como não conhecia o sistema, falei com o Carlos Neto (que possui um B & B também desconhecia) e informei o “Robert” que iria falar ao Francis, desejoso por ajudá-lo num momento difícil. Não encontro o Francis, socorro-me dos meus amigos franceses daqui, todos os esforços foram em vão. Dou nota dos meus movimentos ao meu amigo “Robert” e ele pede-me que insista com eles. Entretanto, desligo o portátil e, pelo telefone de casa, prevenindo por sms o Robert que eu julgava muito mal e a evitar contar a Annie a sua triste condição. Ele diz-me de súbito, não faças nada, isso é um “arnaque” que me atacou o computador e depois muitos dos meus amigos. O que há de curioso nesta trafulhice, é o cuidado dos tipos com a minha legítima preocupação. Voilà le monde moderne!
- Hoje foi a roçadora. Não foi preciso falar-lhe em turco, espanhol ou latim, porque ela se despachou a facilitar-me a vida. Deste modo, o relvado aqui defronte do salão ficou concluído e bonito. Os meus lombares, fale eu em todas as línguas do mundo incluindo as berberescas, nenhuma me diz como evitar que me doam.
terça-feira, dezembro 17, 2024
Terça, 17.
Apesar do meu olho esquerdo não estar nas melhores condições (tenho a operação marcada para dia 31 se os queridos médicos não fizerem folga natalícia), posso considerar o ano que agora finda, uma maravilha. Li coisas fabulosas, meditei sobre elas, desenvolvi os meus conhecimentos, fui feliz abraçado aos milhares de horas de leitura, linha a linha, página a página. Enriqueci-me de tal maneira que seria meu prazer honrar como livro do ano, todos os títulos que aqui apresento. Contudo, para ser sincero, escolhi uns quantos a que aponho a minha coroa de glória.
Misericórdia – Lídia Jorge (Livro do Ano)
A Natureza dos Deuses - A Adivinhação (Textos Filosóficos vol. 3) – Marco Túlio Cícero
Sonata para Surdos – Frederico Pedreira
Deus na Escuridão – Valter Hugo Mãe (Livro do Ano)
Memórias Minhas – Manuel Alegre
A Desoras (diário 2017-2023) – Marcello Duarte Mathias
Un hosanna sans fin – Jean d´Ormesson
Diário Incontínuo – Mário Cláudio
Deixa a Chuva Cair – Paul Bowles (Livro do Ano)
Uma obra portuguesa de Claude-Joseph Vernet – Paulo Santos
Acta Est Fabula (vol. V) – Eugénio Lisboa
Férias em Paris – Somerset Maugham (Livro do Ano)
L´ Exile et le Royaume – Albert Camus
Patriota – Alexei Navalny (Livro do Ano)
Crónica dos Sentimentos – Alexander Kluge (Livro do Ano)
Le Golem de Prague – Vitalis
- Fui à piscina. Por felicidade à hora matutina a que cheguei, tive a sorte de ter uma faixa só para mim. Ali perto, observando-me, um olho no meu físico encantador e outro na manjedoura do telemóvel, durante uma hora, dois rapazes. Levantei amarras assim que vi chegar um enxame de baleias, inchadas, sorridentes, para a ginástica ao som de música e gritinhos histéricos. Os jovens partiram também, mas para os balneários onde estiveram, nus, em mofavas que não deu para decifrar.
segunda-feira, dezembro 16, 2024
Segunda, 16.
No arquipélago francês de Mayotte, centenas de casas tombaram como baralho de cartas ante a fúria de ventos ciclónicos. Milhares de pessoas ficaram sem tecto, o total de falecidos ainda não foi contabilizado, registando-se até hoje 14 mortes. As imagens que vemos na televisão, são aterradoras. Habitações rudimentares, que parecem feitas de contraplacado, não resistiram à fúria do Chido. As autoridades pensam que devem ter perecido sob os escombros um milhar de pessoas.
- O Papa Francisco fez uma visita relâmpago à Córsega. Depois de não ter estado na abertura de Notre-Dame, o Sumo Pontífice passou o dia de ontem na ilha maioritariamente católica. Os habitantes compareceram em massa e uma missa rezada para cerca de vinte mil fiéis, em Ajaccio.
- Este fim-de-semana o PCP reuniu em congresso. Adivinhem quem não podia faltar, não sabem? Eu digo: sua excelência o bispo de Setúbal, D. Américo Aguiar. Ali se disse que o partido tinha que lutar pela “resistência”, pelo “nosso povo”, “pelos trabalhadores e classe operária”, os chavões do costume, num meme habitual. Depois admiram-se de a pouco e pouco terem de passar à clandestinidade, não porque alguém os persegue, mas porque o “nosso povo” os ignora.
- Ontem fui ao Pingo Doce aqui da terra. Lugar onde não tenho o hábito de entrar e só o fiz porque fui à farmácia que existe em frente. Quis tomar um café e deparei-me com uma única funcionária, correndo o largo balcão e a padaria, aflita e esfalfada para satisfazer os clientes que eram bastantes. Manifestei-lhe o meu apreço pelo esforço e profissionalismo, e ela “temos de ser polivalentes”, respondeu com um sorriso. Dali pedi o Livro de Reclamações e anotei estas palavras: “Deixo aqui a minha indignação por constatar que no Pingo Doce a escravatura ainda impera. Uma funcionária, só, a correr como louca, para satisfazer a clientela dos cafés e padaria. Uma vergonha!” Um tipo suspeito a quem eu li o anotado, disse: “O senhor é comunista.” Respondi: “Serei tudo o que tiver que ser, desde que não me acomode a aceitar a exploração humana.” A outra funcionária, com um sorriso doce: “As pessoas só reclamam dos produtos.”
- A escrita, mesmo estes registos aparentemente simples, exige um espírito calmo e concentrado. O meu anda desaustinado há uns dias e não sei como o sossegar. Instalou-se em mim um surdo movimento que faz que anda, mas persiste em ficar parado a olhar o horizonte que se afasta. Na sexta-feira, no café da FNAC, uma aragem criativa varreu o meu cérebro e página e meia ficou concluída – e foi tudo. Esta manhã, talvez para ganhar fôlego, imprimi as últimas 100 páginas para correcção e tomar o pulso a um trabalho que está longe de terminar não obstante as mais de duas centenas de folhas. Ana Boavida parece desafiar-me constantemente, pôr-me à prova, fingir que me contou tudo sobre ela, reservando todavia sempre e sempre uma luz que se apaga quando outra se acende. Acontece que eu, em vez de correr para a claridade, escolho o escuro que se obscurece quando busco a flamância. Como sair deste impasse?
- Hoje, abri por assim dizer, o meu labor de servo. É assim. Como não busco nada de máquinas, quando chega o Inverno e o chão se atapeta de erva, e deva começar a alindar o espaço vasto em torno da casa para o qual tenho de dispor delas, é como se me impusesse três cursos: um para o corta-relvas, outro para a roçadora e um terceiro para a motosserra. Esta manhã comecei com o primeiro. Em boa verdade já havia iniciado ontem. Meto gasolina, apuro o óleo, agito a máquina e, entretanto, passaram dois dias mais o cansaço e a derrota. Mas eu sou persistente, tento compreender a linguagem destes objectos enigmáticos, adivinho a sua gramática, recordo algo que esqueci e, de súbito, como um milagre que me foi concedido pelo esforço, a maquineta põem-se a gritar. São soluços ainda, por vezes enternecedores que me arrancam a pele do coração, tento uma e outra vez para chegar à conclusão que é ela que é inteligente. Na realidade eu teria de pressionar o batente do puxador para que ela se pusesse em marcha. Compreendido isto, logo outra inquietação: por que não fica o motor a trabalhar como é suposto acontecer? Depois de várias tentativas, descubro que não posso manter o cordão que lhe dá a ordem esticado. Vou ensaiar puxando o cordão e depois remetendo-o ao sítio junto ao motor. Olha! Funcionou! Urra! Urra!
domingo, dezembro 15, 2024
Domingo, 15.
Quantos são os iluminados que se perfilam à Presidência da República? Vejamos: Mário Centeno, almirante Gouveia e Melo, André Ventura, Santana Flope, Sampaio da Nóvoa, Marques Mendes, António José Seguro, Ana Gomes, Paulo Portas, Augusto Santos Silva, Rui Rio, e, talvez, Paulo Raimundo. Até agora nada menos que 12!!! Num país tão pequeno, grande, contudo, em cidadãos generosos, altruístas, honestos, sem ponta que se lhe pegue de desonestidade, gente que ama a Pátria e os portugueses, detesta a riqueza pessoal e as mordomias, odeia as televisões e o populismo, vive preocupada apenas com o país, a sua pobreza, o seu pouco desenvolvimento, a sua cultura, o direito ao ensino e à saúde, a uma vida digna, esbatido o fosso entre ricos e pobres. Este batalhão de préstimos, é todo ele um louvor à Lusalândia, são políticos e comentadores, formados na coisa do futebol, das televisões, na economia, nas finanças, nas redes partidárias, vivem numa caldeirada de palavras ocas, mas acham-se indispensáveis a levantar a nação da cova onde que eles próprios a sepultaram.
- Folgo por saber que o Prémio Pessoa foi atribuído a Luís Tinoco. Nunca tive a sensação de que o galardão cumpriu a missão que lhe foi outorgada, como este ano.
- Macron tirou da cartola o nome de François Bayrou. A ver vamos quantas semanas o centrista a quem reconheço algum mérito, vai durar como primeiro-ministro de uma França dividida, desorganizada, falida, imprópria para ser governada.
- A Síria levanta-se como pode. O homem forte do momento, Mohammed al-Jolani, líder do grupo islamita Hayat Tahriral-Sham, parece um homem cordato, com ar lavado apesar das barbas negras, elegante até se tivermos em vista os padrões do sítio. É ele que vai tentar organizar o país, enquanto Netanyahu o bombardeia todos os dias. Antes ele era tido por rebelde islamita, agora mesmo os EUA querem dialogar com ele. É quase sempre assim. As imagens que nos chegam, dão prova de um país em festa, a lembrar o nosso 25 de Abril de 1974; enquanto se descobre o submundo das prisões de um desumanismo revoltante, fossas com cadáveres, pocilgas de tortura, onde o déspota Bashar al-Assad mantinha os adversários. O seu irmão, esse, dedicava-se à droga com um autêntico alambique de maquinaria onde produzia os comprimidos que exportava e rendiam fabulosas fortunas. Julgo haver naquilo tudo uma certa coerência que o tempo dirá se tem raízes. Em tão poucos dias, depois de duas gerações de donos da Síria, pai e filho, poder já haver um primeiro-ministro diz muito da capacidade que os “rebeldes” possuem em termos de organização. O tirano está ao lado do outro tirano. Diz-me com quem andas, direi quem és.
quinta-feira, dezembro 12, 2024
Quinta, 12.
Dias admiráveis de luz. O frio purifica-os como introduz nos frutos o açúcar tão desejado. Tenho a quinta sonolenta, dorme o sono solto dos cansados do Verão de pouca memória. Um manto espesso de geada cobre-a durante a noite e às primeiras horas da manhã o cobertor de sol destapa o aconchego da noite e estende a manta de mil semidiâmetros celestes. Não há ruído que nos perturbe, um silêncio terno abafa as revoltas e introduz nos corações uma centelha de esperança. Os pássaros vieram com o cio dos gatos, atravessam a grande velocidade o espaço cheio da erva que a chuva criou. No caminho de terra batida, ainda não se observam os cineastas americanos que hão-de alterar este paraíso. Mas já se sente a loucura e a desordem que o grande capital traz. Os especuladores deixam-me na caixa do correio o convite à venda da quinta e da casa; nos meus vizinhos mais inocentes contactos directos, mãos cheias de euros para que se deixem seduzir a partir. Indiferente ao tumulto, as mulheres de Zuckerberg que desde há dias vindimam a quinta do meu vizinho, entoam a ladainha do facebook na forma aciculada de vozes irmanadas no insulto, na inveja, no ciúme. Mas nada perturba o silêncio que teima em ser rei e senhor da terra, do ar, dos filamentos que descem do céu limpo, aberto ao êxtase de quem em comunhão com ele se entrega ao gozo embriagante da vida rasgada dos céus vastos de um azul imaculado.
quarta-feira, dezembro 11, 2024
Quarta, 11.
Não sei se deva pensar que sou privilegiado depois dos meus comentários no Gama Pinto quando da greve de sexta-feira passada. O que sei é que acabei de receber uma carta onde sou informado que serei operado dia 31 deste mês! Magnífico. Todavia, li algures (no Público?) que o governo deu folga a toda a gente de 24 a 31 deste mês. Pergunto-me: Será desta!
- Por aqui um frio canalha. Esta manhã a quinta apareceu completamente coberta de branco e o carro registava 3 graus negativos. Preocupado com o Carlos, perguntei-lhe (tenho indago todos os dias) se tem frio durante a noite. Ele responde-me que não, antes pelo contrário tem gozado de noites de um sono profundo. A casa com as lareiras e o ar condicionado lá para dentro, está confortável sem exageros. Depois do almoço, sento-me lá fora ao sol para duas horas de leitura. Que maravilha! Estou a acabar (segundo volume) Crónica dos Sentimentos de Alexander Kluge. Não é leitura para qualquer um, devido à sua complexidade e conhecimentos muitas vezes obscuros sobretudo quando mete teoria Quântica. Bref.
- Não me conformo. Netanyahu que foi, enfim, presente a tribunal por corrupção e falcatruas, não obstante, decerto com consentimento de Biden, tem vindo a bombardear a Síria daquele que Putin guarda como um tesouro chegado no seu avião carregado de biliões. O problema que não é nenhum, constata-se que Israel, um pequeno país pouco maior que o Alentejo, possui capacidade de fazer a guerra na Faixa de Gaza, no Líbano, Irão e agora na Síria. Nem Rússia a incomensuravelmente maior e mais rica, alcança tal proeza. Vamos ter um conflito longo no Médio Oriente. E se a moda do derrube dos ditadores pega, não tarda temos os outros déspotas da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos em ebulição.
terça-feira, dezembro 10, 2024
Terça, 10.
No PS onde a monocromia é a base de sustentação, não autoriza que nenhum membro se distinga do seu Secretário-Geral. Antes tinha sido o homem que governa a autarquia de Loures, agora a senhora que dirige a de Alpiarça. Esta, lúcida e competente autarca, trouxe para a opinião pública uma regra que devia imperar sobre todo o território: o equilíbrio, a decência, a justiça. Isto porque o município decidiu incluir "não só a documentação necessária para instruir a candidatura a estes benefícios" (referia-se aos subsídios de inclusão social), como ainda uma cláusula que prevê que podem ser excluídas as candidaturas em que o agregado familiar 'exiba sinais exteriores de riqueza não consonantes ou incongruentes com a declaração de rendimentos apresentada'". Isto parece lógico. Mas não é. No entender de Vasco Gonçalves, a proposta de Sónia Sanfona (que pena o apelido), compara-se ao discurso do Chega. Tal e qual. Portanto, que o Estado continue a apoiar as famílias cujos filhos chegam à escola de BMW e Mercedes, vivam em palacetes e passem férias nas praias de Cuba, isso não deve ter nada a ver com os subsídios que à verdadeira pobreza faltam.
- Aquilo pareceu um passeio que partiu do Norte para chegar em festa a Damasco onde o tirano já lá não estava para receber os guerreiros do Daesch sugado por outro tirano de seu nome Vladimir Putin. A Síria não se rendeu, os novos homens pura e simplesmente instalaram-se, invadindo o Palácio Real, pilhando o que puderam, incendiando e por minutos, instalados nas poltronas de ouro, serem monarcas para a fotografia. O que se segue, é uma incógnita. Neste entretanto, precavendo-se do pior, o outro tirado israelita mandou bombardear dezenas de lugares onde julga poder vir em breve o ataque. Quanto ao assassino de Moscovo, revelou a fraqueza, denunciou o estado da sua economia, impossibilitado em fazer outras guerras para além da Ucrânia. O mundo não precisava de mais este monstro, mas tudo converge para a catástrofe mundial.
- Ontem aconteceu uma cena curiosa. O Carlos (ou não fora ele africano), perdeu-se por Lisboa, o tempo ausentou-se, a reinação e curiosidade impuseram-se. Quando bateram 10 da noite, decidi subir para dormir tendo-lhe telefonado uma hora antes a lembrar-lhe que isto não é nenhum hotel. Como é meu hábito, assim que caí na cama, logo o sono me abraçou. A dada altura, ouvi dois estrondos na porta principal da casa, acordei meio sobressaltado e depois lembrei-me que devia ser ele. Desci. Fazia um frio medonho lá fora, o pobre do Carlos entra e nem trocámos quase palavras e cada um entrou no seu quarto. Hoje de manhã, ao pequeno almoço, ele disse-me que ficou quase meia hora a bater na porta da cozinha (do lado oposto) e já se preparava para dormir no meu carro. Felizmente que tal não aconteceu. Porque quando peguei nele, estava totalmente coberto por uma espessa camada de gelo.
- Fui à piscina – não é lugar que se recomende com este frio.
domingo, dezembro 08, 2024
Domingo, 8.
Pois foi. Ontem tirei o dia para ver a inauguração de Notre-Dame. O projecto hercúleo de restauração do monumento, ficou a dever-se à obstinação de Emmanuel Macron e da França que soube articular equipas, prazos e muito savoir-faire. Ao fim da tarde começou a chover. O Presidente e a mulher tiveram de suportar o frio e o desagrado da noite na vasta praça da catedral corrida a vento. Um a um começaram a chegar os presidentes de muitos países e ele recebeu-os, deixou-se fotografar-se com cada um, até que por fim chegou Donald Trump naquele seu ar de cowboy do faroeste, só, gingão. Por fim, o archevêque de Paris bateu três vezes na portada da entrada (que me fizeram lembrar as de Molière), entrou no espaço do Julgamento, Nave, Transepto e Altar-Mor de onde presidiu e abençoou a catedral de Notre-Dame. Quando Zelensky entrou, ouviu-se uma rodada de palmas. Todas aquelas figuras e figurões, assim que se apanhavam sentados, folgavam; enquanto eu, comodamente instalado no meu sofá, a lareira acesa, volta que não volta, sentia as lágrimas correrem-me de emoção. A cerimónia foi demasiado longa para a maioria dos presentes, sobretudo para Trump que tinha ar de quem se interrogava: “Quando é que isto termina, que estou eu a fazer aqui.” Belíssima cerimónia, belo discurso do Presidente da República. Enfim, que o Espírito Santo ilumine todos aqueles salamaleques ambulantes – é tudo o que se pode pedir atendendo ao estado do mundo actual.
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Esta deve ter sido das últimas fotos que fiz. |
- Voltando à tristeza, à nossa terrível condenação. Sexta-feira saí daqui muito cedo prevenindo-me contra as greves gerais nos transportes da CP (pois quais outros?). O meu abençoado Fertagus, que funciona sempre e a horas, deixou-me às oito no Campo Pequeno e dali, de táxi, para o Gama Pinto onde tinha agendada com antecedência uma consulta que decerto desaguaria em operação à catarata do olho esquerdo. Chegado, tirei a senha que me levaria a duas mademoiselles do atendimento. Logo fui atirado para a rua, com a informação que enfermeiros e médicos estavam em greve. Insurgi-me. E elas: “A greve é um direito.” E Eu: “O hospital devia ter-me informado. - Não podíamos porque só soubemos do facto ontem à noite.” Seguiu-se uma leve altercação de palavras e eu debandei, dizendo: “Isto é uma choldra. Serviço Nacional de Saúde é que não é. Todos têm direito, menos aqueles que não têm direito nenhum que somos nós e vocês só existem porque os doentes vos procuram.”
- O povo português não interioriza a força que tem, quanto pode para enfrentar esta tresmalha gente que vive tocada a palavras de ordem vindas dos sindicatos que, por sua vez, as executa dos partidos. O país está a chegar ao limite permitido pela democracia. Algures espreita a espada de um qualquer ditador, de direita ou esquerda, esta é pelo menos a sensação que tenho. Hoje fazem-se greves por tudo e por nada, quando antes a greve era o limite de um longo processo de negociação. Os barões da CP, desta vez, até fizeram greve porque o excelente ministro António Leitão Amaro, talvez o melhor de toda a equipa de luís Montenegro, disse que havia relatórios que davam conta que os maquinistas metiam-se nos copos – o que a mim não me surpreende. Ainda por cima, já sem vergonha e montados no poder que têm sobre a população, superior ao do Governo saído das urnas, ameaçam parar o país brevemente. Eu ouvi narrativas incríveis de passageiros, gente que teve dificuldade em respirar nos comboios apinhados onde não cabia uma mosca a que eles chamam “serviços mínimos”. Mais: estas greves são estudadas ao pormenor, caem todas às sextas ou segundas-feiras. Chamem-lhes parvos.
- Estive a ver um programa consagrado a Claude Lelouch. Grande realizador, um homem sensível e culto, com humor e humanismo. Reparei que manqueja de uma perna, próprio dos grande artistas – todos coxeiam, os infelizes...
- O “xau” brasileiro, virou xauzinho para os portugueses.
sábado, dezembro 07, 2024
Sábado, 7.
Passei o dia colado à televisão, ao canal 2 francês, a assistir à inauguração de Notre-Dame de Paris ressuscitada das cinzas. O ano de 2019, foi um ano sinistro, não só pela invasão do SARS-COV2, como também pela destruição pelo fogo da célebre catedral. Nos anos que se seguiram, indo à capital francesa como é meu hábito há mais de trinta anos, percorri o imenso estaleiro de olhos tristes e coração confiante de que o prazo dado por Emmanuel Macron de cinco anos para erguer a edificação do século XII seria um feito. E foi. Os franceses quando se impõem, nada os obstrui. E mesmo do lado da fé, não conheço outro povo tão fervoroso e profundo como o francês, nem mesmo os polacos que são, portanto, reconhecidos católicos. O que assisto nas igrejas francesas, não observei nas polacas. Vi chegar os convidados de várias partes do mundo, e ao olhar o espectáculo de pompa e circunstância, com os seus 4 mil agentes de segurança a vigiá-los, pensei na insignificância daqueles andarilhos inchados face à dimensão da Casa de Deus. As imagens e os lugares, toda a île de la Cité, são para mim de tal modo familiares, que reconheci o dono de um dos restaurantes onde às vezes almoço, de outro bouquiniste com quem costumo conversar, para não falar de todo o grande espaço em torno do edifício gótico. Esta grande realização, foi obra de milhares de doadores de todo mundo – países, empresas, grandes capitalistas, muito povo anónimo - e o resultado foram cerca de 840 milhões de euros para o milagre da sua revivificação, dos quais sobraram uns 18% que serão aplicados na limpeza e restauro da fachada. Não vejo hora para visitar Notre-Dame dedicada à Virgem Maria.
Eis uma curta viagem do que fui registando.
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A Cruz milagrosamente intacta |
quinta-feira, dezembro 05, 2024
Quinta, 5.
Para aligeirar o que acima registei, este encontro. Ontem fui à piscina e quando ia na segunda ou terceira volta na faixa dos “recreativos”, dois velhotes quando chego ao topo onde eles estão em descanso, um deles diz-me: “Você nem respira. Faz isto tudo de uma assentada. Eu não sou capaz”, acrescenta o outro: “Eu também não, entra-me água para o nariz.” Digo-lhes que tenho uma boa caixa torácica e quanto a entrar a água para dentro do nariz, é só irem aos chineses comprar uma mola (inventei a resposta sem conhecimento do facto). Ambos responderam: “Já hoje que lá iremos.”
- Está cá em casa o Carlos de passagem para Angola. Ficará oito dias e deste modo tive que me ajeitar para a vida debaixo do mesmo tecto. Tento dar-lhe o auxílio indispensável e, em simultâneo, preservar os meus ritmos de vida e trabalho. Há muito tempo que não vivia uma experiência assim. É compatível com a tua personalidade e rompimento com a solidão tão adorada? É. Primeiro, porque quebra os ritmos sucessivos; segundo, porque desobriga o egoísmo de se instalar; terceiro, vivifica em mim o paradigma criado para ajustes a uma só pessoa, em desprimor do outro que existindo em mim, me ultrapassa e se projecta na realidade existencial do todo e desta forma sou solitário com todos os outros. E esta minha terna condição só é possível por me saber parte do outro enquanto interpelação possível na minha solidão.
- O Governo de Michel Barnier caiu com os votos da senhora Le Pen e do agitador profissional, senhor Mélenchon. Como se vê é cada vez mais uma função revolucionaria os extremos darem as mãos para se imporem. A pouco e pouco, esquerda e direita desmascaram-se e dizem-nos que éramos nós, espíritos independentes e atentos, que tínhamos razão. Borda-fora com ideologias, com a ditadura do proletariado e quejandos, o importante são os nossos interesses, o poder pelo poder, o nosso único objectivo.
quarta-feira, dezembro 04, 2024
Quarta, 4.
A manifestação dos bombeiros sapadores em frente a nova sede governamental, foi assustadora a lembrar o tempo de má memória - o PREC. Eles e muitos outros funcionários da coisa pública, reivindicam mais salários e pagamentos de risco. Até têm razão, mas perdem-na quando aplicam o furor que se desenvolveu por todo o lado nos anos de António Costa. Nessa altura, não houve nenhum ministro à altura do seu posto e o que se desenvolveu foi a propaganda que nada alterou e tudo deixou ficar ao sabor dos imprevistos e dos calores da revolta. Todavia, o que há de curioso nestas cenas, é que elas são inteiramente da culpa dos sucessivos governos, que sempre se preocuparam com a “política” e nada com os cidadãos. Com a entrada do euro, o país empobreceu, os sítios de decisão encheram-se de dinheiro, os políticos, de repente, passaram a ganhar muito bem a vida e a política atraiu os remediados e os gananciosos para ela. Oferecer-se a um partido, era tentar a sorte grande com um sorriso de subserviência em permanência. O custo de vida explodiu, os bancos passaram a ganhar milhões todos os dias, as empresas proliferaram, a abada de dinheiro que invadia o país era absorvida pela nova nossa classe empresarial e política (uma nunca anda sem a outra), deu para luxos e fantasias: carros topo de gama, férias multimilionárias, compra de castelos e residências cá e no estrangeiro, as esposas dondocas iam a Paris enfeitaram-se, o euromilhões, a lotaria nacional, os casinos tudo junto, prémios incluídos, ficava equidistante da loucura que se vivia em Portugal com a entrada na CEE depois União Europeia, trazendo na cauda triliões. Pertencer a qualquer Governo era entrar no clube dos ricos, dos pomposos, dos que ao passar deixam um rasto etéreo de bom perfume francês, era ouvir música clássica respaldado no banco de trás do carro oficial, era viajar constantemente entre Bruxelas, Estrasburgo, Lisboa, era frequentar os bons restaurantes, vestir pelo Rosa & Teixeira, falar alto, pregar nas televisões, gostar de futebol, enfim, ser alguém num país de atrasados, de bacocos, de emigração, de atrasados mentais. Os iluminados eram eles, embora sem conhecimentos, com canudos tirados aos domingos, falando português de caserna, frequentando-se uns aos outros no topo encantador das suas vidas subitamente transformadas, físicos apertados nos fatos escuros de enterro, rabos anafados, barrigas do melhor vinho francês, arrotos estrondosos, risos escangalhados, ruidosos, que surpreendiam o camponês quando eles percorriam as aldeias como foguetes e toneladas de álcool acetileno para se desinfectarem não fosse o cabo da enxada ser portador do vírus pestilento. Tanta honraria, distraiu a classe política e distanciou-a do país real. Noventa por cento da população vivia (e em certo sentido ainda vive) nos anos Setenta. A pobreza que Salazar tanto adorava e o homem do monóculo tentou erradicar juntando o Norte trabalhador como então se dizia, com o Sul esbanjador e adorador do Sol, rastejou-se até aos nossos dias. O que nos dizem com as suas línguas de fora os bombeiros, os enfermeiros, os maquinistas, os médicos, os professores, os agricultores, as hoje chamadas técnicas de limpeza, o pessoal do lixo, os mangas-de-alpaca dos funcionários do fisco, os criados dos autarcas, os funcionários públicos, as mulheres que reivindicam igualdade com os homens, os reformados, enfim, todo esse universo de operários e fazendeiros, que vive mal, com salários dos anos Setenta, comidos pela inflação que não pára, que foram esquecidos pelos sucessivos governos, que atrasaram o país e transformaram os seus habitantes em escravos e lacaios de suas excelências. Esta classe política é tão pobre, tão medíocre, tão egoísta, que nem se deu conta que existem duas camadas acentuadas de portugueses: os que vivem do Estado e movem-se em vénias de interesses e as classes trabalhadoras que vegetam ao sabor das suas utopias. Hoje, que me perdoem, vou citar Karl Marx quando da Comuna de Paris, em 1871, falava de “conspiração da classe dominante para derrubar a revolução por meio de uma guerra civil conduzida sob a protecção de um conquistador externo.” Não estamos ainda lá, mas para lá caminhamos.
terça-feira, dezembro 03, 2024
Terça, 3.
Que mundo, meu Deus! Apesar da abundância, da vida aparentemente mais feliz, da liberdade de cada um viver viajar para aonde lhe apetecer, dos avanços da medicina e da ciência, do conhecimento em geral, o homem não perdeu o sentido de posse, de inveja, de lucro a todo o custo, da exploração dos mais fracos, da ingratidão, do posto como lugar de domínio e controlo, de costas voltadas à igualdade, à fraternidade, à interajuda e ao reconhecimento do outro como seu irmão. Daí o desarranjo do mundo de hoje, onde as guerras proliferam, o sofrimento impera, a esperança morreu e o quotidiano é um empurrar para a morte milhões e milhões de pessoas, a destruição da terra, o zumbido dos canhões e dos mísseis anunciando o holocausto e o anúncio de outro mundo onde nós não estaremos para a gigantesca tarefa do enxugar as lágrimas, do varrer das cinzas, do recomeço.
- Assim, todos os dias, o ribombar dos canhões, os gritos de liberdade, de injustiça e escravidão são o flagelo que projecta em cada olhar a estupefacção e o medo. Ontem os ucranianos, os palestinianos, os haitianos, os arménios; hoje os romenos, os sírios, os georgianos, os libaneses... Todos, bem vistas as coisas, pretendem o reconhecimento da sua verdadeira identidade. Aqueles que vivem em democracia, pelo voto; os que estão sob outras quaisquer formas de controlo, pela violência. Por sobre todos eles, esgrimindo os seus interesses, estão a Rússia, os EUA, a China. Estes senhores do mundo, mais não desejam que ter o controlo daquilo que não lhes pertence, mas é objecto da sua lambugem – as riquezas naturais de cada país. Por este monstruoso domínio, constroem-se estratégias, liquidam-se adversários, dividem-se povos, destroem-se cidades e vilas, matam-se milhares, impõem-se ideologias à matracada. Até quando? E como vai acabar esta voracidade? Os Evangelhos seriam infinitamente mais compreensíveis de aplicar, porque a sua doutrina é desprendida de tudo o que expõe o ser humano à humilhação, à divisão, à saciedade.
- Tiblíssi está a ferro e fogo devido ao resultado das eleições que deram a vitória, não esclarecida, ao governo derretido de simpatias por Putin, contrário à entrada do país na NATO e UE. Há muito que a Geórgia faz esforços para entrar na União Europeia, projecto que o déspota do Kremlin não aprova. Este foi mais um dos antigos países da URSS, ou seja do império que Putin quer restaurar e vai fazê-lo se a Europa não compreender o que está em jogo. Eu tenho simpatia pelos georgianos e gostaria de visitar o país no próximo ano. Se entretanto, Putin, não vier a invadi-lo como fez à Ucrânia que, recorde-se, começou por ter para cima de um milhão de ucranianos em Kiev a gritar pela UE.
- A realidade, infelizmente, é esta: onde a política entra, destrói tudo. (Lembra-me o conceito de Lenine já aqui anotado: “Se queres acabar com a religião, introduz nela a política.) Veja-se o caso de Évora em vias de se tornar a Capital Europeia da Cultura. Os pacóvios querem tudo dominar, mas não possuem cultura, saber, equilíbrio, dignidade. Paula Garcia, signatária do programa Évora 2027, mereceria todo o respeito – não senhor, foi obrigada a demitir-se por saturação e esquemas e interesses criminosos alheios aos objectivos traçados e aprovados.
- Dia feliz. Deixei de ir à piscina para realizar todas as empreitadas programadas. Para isso, houve que optar por não sair deste espaço onde o seu proprietário é tão livre como os pássaros. Ontem, debandei para afazeres em Lisboa, realizados à pressa, para me ir instalar na FNAC e trabalhar três horas no romance. Uma passagem que me atormentava foi desbloqueada por sortilégio do trabalho e de muito pensar; mesmo para o seu criador, este imprevisto, trouxe a magia da criação. Contudo, no trabalho desta manhã, criei um novo imbróglio que não sei como resolver.
segunda-feira, dezembro 02, 2024
Segunda, 2.
Apesar da utilização abusiva do direito à greve, o país vive hoje mais cordato do que no tempo do PS para não falar na jóia da coroa de António Costa, os infelizes anos da “geringonça”. E tem avançado. Desde logo, no sistema de governação, sem o aparato constante de ministros a mostrarem-se e a palrar, por tudo e por nada, diante das câmaras de televisão. Depois, pela sobriedade da governação, o equilíbrio dos ministros, o trabalho junto das organizações públicas e privadas. Dou um exemplo: o Serviço Nacional de Saúde. Quem não se lembra do desastre que foi a Saúde nos oito anos de governação PS. Pois em tão pouco tempo, o Serviço num todo, tem vindo a desenvolver um trabalho a todos os títulos notável. O número de utentes inscritos foi de 258.883, em 2023 e 272.358, em 2024; as cirurgias realizadas, em 2023 foram 604.632, em 2024 657.331; no total feitas no SNS em 2023 559.511, em 2024 610.561; quanto às listas de espera, no total (privados e públicos) temos em 2023 547.181, em 2024 592.502 e expressamente no SNS houve em 2023 502.612, enquanto em 2024 546.265. Nem tudo estará bem, mas é de bom-senso reconhecer o esforço da actual Ministra da Saúde que espero não se demita. Já agora: deixem-se os senhores deputados de ir ao privado com o cartão elitista que possuem, e vejam com os seus próprios olhos as diferenças. Há uma visível melhoria que fragmenta os ossos atados da esquerda. (Dados tirados do jornal Público).
- Todavia, contudo a miséria e os desafortunados que invadiu hospitais e centros de saúde, com a chegada daquilo a que se chama o “turismo de saúde”, é revoltante. A política ideológica da esquerda, com a sua voz arrogante e falsamente doce, da generala do BE, em muito é culpada pela falta de assistência aos portugueses e o desequilíbrio do SNS. Calcula-se que no SNS foram atendidos, à borla, mais de 100 mil estrangeiros não residentes no nosso país! Quando a eficaz ministra há tempos alertou para este flagelo, a esquerda indignou-se “porque os imigrantes têm direito a ser tratados com dignidade”. É verdade, comungo dessa opinião, mas temos que ir lá atrás definir regras de entrada dos estrangeiros no país. De contrário é a anarquia, o oportunismo de uns, a ideologia barata de outros e o afastamento dos portugueses de um serviço por eles pago. Já basta de esquerdas românticas, que se servem do romantismo para fazer vingar os seus esgares de ódio contra a nação no seu todo. Esta gente não olha a meios para atingir os fins e estes estão inteiros no horizonte do poder absoluto. A democracia depende da saúde de todos nós, mas os partidos, nas tintas para esse facto, depressa contestam os números corrigindo-os a seu belo interesse. Isto é uma guerra em que está transformada a nossa querida Democracia. O amadorismo e o provincianismo, são a imagem desta gente. Alexander Kluge fala em “queda para fora da realidade” e tem inteira razão.
- No comboio e um pouco por todo o lado, agora que o Inverno se acomoda, vejo figuras cobertas apenas com as tatuagens chinesas que não confortam a pele arrepiada de frio. Que tonteira!
- A Rússia do nazi Vladimir Putin, entrou em mais uma guerra desta vez na Síria. Já lá tinha estado, mas agora defronta-se em dois países simultâneos. Terá ele economia que aguente, e povo que o suporte, ou o envenenamento está próximo?
domingo, dezembro 01, 2024
Domingo, 1 de Dezembro.
António Costa foi investido de Presidente do Conselho Europeu e prometeu servir a UE como serviu Lisboa e Portugal. Se assim for, pobre da União Europeia e países nela reunidos. Desejo sinceramente que ele tenha assessores capazes de o orientar, porque de contrário a desordem, a balbúrdia, a propaganda, a paralisia e o desleixo vão sacudir fortemente a Europa. Ele gaba-se de ser um político astuto, mas se assim é, durante os oito anos que governou este pobre e humilde país, pela escolha dos seus ministros e pessoal de referência, o modo vagaroso e deixa andar, a corrupção que se instalou, a desvergonha que correu por todo o lado, são o oposto da imagem que nos quer vender.
- O Vasco Gonçalves que se lhe seguiu, é igual por outras razões. A primeira é que quer obscurecer o período do seu antecessor; a segunda quer impor-se pela esquerda e está à vista que nada na sua política tem consistência e sensibilidade. Melhor constatação não há como a que se passou com a discussão do Orçamento de Estado. Tudo aquilo cheira a populismo, a facilidade, quase à moda do PCP e BE que se imiscuem para desorganizar e manter o projecto anti-democrático de ataque ao poder, instalando a divisão e a anarquia. Um exemplo. Todos estamos recordados, sobretudo, nós os reformados e os pobres em geral, quando Costa inventa as esmolas (que estão a ser seguidas por Montenegro), em vez de reestruturar o sistema, velho e relho, com aquela ideia de que as mulheres, por morte dos maridos, devem auferir uma talhada da reforma deles, como se ainda estivéssemos no tempo do Estado Novo com as mulheres em casa a tratar dos filhos e submissas aos queridos esposos, portanto, sem pensarem na igualdade dos sexos e libertação da libido lançada ao desbarato sobre os instintos rebeldes... Mais: aquilo que os socialistas não quiseram dar para manterem a imagem das “contas certas” (que se veio a revelar uma aldrabice), exigem agora do PSD ao votarem o aumento das reformas e aposentações. Que comédia, hein!
- Esboça-se uma visão do pós-guerra para a Ucrânia? Os de esquerda, dizem que sempre falaram de paz embora quando se lhes pergunta que paz é a sua, percebe-se que é deixar Putin, o agressor, o ladrão, com tudo o que roubou. Parece ser essa também a ideia de Zelensky mas em troca da entrada do país para a NATO. Quer dizer, a Europa fez muito pouco e o pouco que fez foi tarde e a más horas, deixou que Putin avançasse, destruísse e matasse, e pensa que o ditador vai consentir naquilo que impede que o império com que sonha veja a luz do dia. São tão inocentes e tontos os nossos políticos! Se a Ucrânia capitular a esse ponto, sai derrotada e de cabeça baixa ante um indivíduo assassino e desumano, corrupto e invasor. Depois, tarde ou cedo, à boa maneira da história russa, sobre este acordo se levantará outra guerra e outros sofrimentos humanos. Tem sido sempre assim e assim será.
- A nossa querida esquerda, reuniu-se para aprovar na Assembleia da República um louvor na forma de voto de pesar, ao pai das senhoritas Joana e Mariana Mortágua. Que fez o revolucionário? Lutou contra o Estado Novo (tudo bem), participou no assalto ao paquete Santa Maria, no desvio de um avião da TAP para lançar folhetos contra o regime, assaltou a filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz, por necessidade de meios financeiros para a actividade antifascista. Estas acções, ditas revolucionárias, vemo-las por todo o mundo (penso no HAMAS) provando que um dia são-lhes atribuídos louvores, noutros a morte e por fim como tantas vezes acontece, os seus autores são respeitados chefes de Estado e humanistas de alto coturno.