Segunda, 16.
Dir-me-ão: não mates a cabeça a pregar para surdos, dependentes e escravos; poupa-te para fins mais nobres, sonhos, explosões íntimas, viaja por sítios imaginários, perde-te por lugares onde a poesia e a beleza persistem em existir, extasia-te diante do pôr-do-sol e a ressurreição das auroras, dialoga com o silêncio, embriaga-te dele, e deixa o teu cérebro cansado repousar no dorso dos cavalos marinhos que galopam no firmamento... É daí que tu és e não dos escombros de um país mergulhado na podridão, paralisado por inoperância, em guerra permanente por ideologias velhas e relhas, apedeuto, gerido nos ecrãs de televisão, que é escola que ensina as crianças e os adultos a arte da resignação, da hipocrisia, da mentira, da alienação e do egoísmo. Eles gostam de números quando lhes convém, eu prefiro as análises independentes que escarrapacham nas caras horrendas daqueles que adoram governar trocando favores, fazendo leis à medida deste e daquele, falsificando notícias e estatísticas, vociferando contra a honradez e competência dos que estão na vida com dignidade e trabalho, discernimento e competência. O barómetro saído agora da Fundação Francisco Manuel dos Santos, mostra o estado da nação, implicando toda a classe política na penúria de leis que combatam o crime de colarinho branco e armários atulhados de notas de banco, sem falar na vida airada enquanto crime e ofensa a um povo que continua a viver rasteiramente e escravo de uns quantos governantes que se renovam em alternativa para deixar tudo na mesma. Este quadro, mostra à evidência o grau de corrupção de uma sociedade à luz da percepção dos portugueses. Está lá tudo e nenhuma palavra deve ser acrescentada.
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Do Jornal Público. |
- As temperaturas rondam os 40 graus centígrados. Apesar dos avisos das autoridades, no momento em que registo estas palavras, estão perto de cem fogos activos, há mortos, casas destruídas pelas chamas, gado, culturas. A maioria é no Norte onde os incêndios lavram conduzidos por ventos desgovernados.