terça-feira, junho 10, 2025

Terça, 10.

Neste dia consagrado a Camões e à raça nacional, apetece-me perguntar em que país vivemos. Outro dia o João já fragilizado nas suas convicções, atirava-me que eu estou sempre do contra. E como posso eu estar de acordo, quando em letras gordas nos jornais se abre o país que somos, com o seu emaranhado de vidas, tudo para um lado, pouco ou nada para o outro. O Público diz que só a senhorita Maria João Carioca, tem a receber da CGD, 200 mil euros de prémios de quando foi aí gestora. Mas diz mais: que entre esta classe de privilegiados, há sete outros gestores bancários nas mesmas condições, ascendendo a um total de 1,3 milhões. Os contentinhos, entre outros, claro, são Luísa Soares da Silva, Francisco Barbeira, Pedro Barreto. Se nomeio os seus nomes, é para convidar os pobres com salários de merda e os aposentados com reformas de pobreza, a irem bater-lhes à porta dos seus palácios hollywoodescos. Nunca Portugal foi tão criminalmente díspar, como em a democracia.  É um triste paradoxo. 

         - Já agora, posso?, citarei o cronista (que a esquerda detesta, mas que eu não estando sempre de acordo com ele, acho-o bem documentado e livre de expor aquilo em que acredita) falo de João Miguel Tavares. “O crescimento do Estado e do Estado Social conduziu-nos a esta situação: por cada 100 euros do Orçamento do Estado, 24 euros vão para pagar salários e 40 para pagar prestações sociais. Isso significa que dois terços daquilo que o Estado recebe anualmente já estão alocados à partida. Quando em cima disso se coloca o dinheiro necessário para o regular funcionamento de escolas, hospitais, tribunais, exército ou polícias, depressa se conclui que o Orçamento “livre”, à disposição de um governo, é pouquíssimo e que o poder executivo está imensamente limitado na sua acção.” É por isso, acrescento eu, casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. 

         - Espero sentado pelas reformas que Luís Montenegro quer implementar. Apreciei até agora a sua forma de fazer política completamente contrária ao seu antecessor, com poucas palavras e trabalho aturado. Mas, pessoalmente, desconfio dos políticos portugueses habituados a governar mais do lado da passividade, do deixa correr, e contra as lutas genuínas que é imperioso levar a cabo. Quero-me enganar. 

         - Ontem o meu dia – e já agora o do Nilton – só terminou pelas 21,30. Estivemos de volta da bomba de água que fazia que queria trabalhar e logo desistia. Recomeçámos esta tarde para grande decepção dos dois e outra forma não vai haver (parece) que substitui-la.