Quarta, 4.
Estou sem ter em quem votar para a Presidência da República. Até agora só nos saem militares, comentadores televisivos, gente que construiu fama a palrar. O único decente, é António José Seguro embora tenha caído também na tentação de politólogo. A propósito, como eu aqui havia previsto, sendo o vencimento de deputado tão sedutor (eles acham que são mal pagos, imagine-se!), o nosso esquerdista do PS e ex-secretário-geral, arrumada a vidinha e não encontrando nela nem nos negócios dos sapatos compensação monetária digna, apresentou-se ontem no Parlamento para se sentar junto do seu grupo parlamentar. Morde aqui a ver se eu deixo. O homem só começou a ser gente, desde que com José Sócrates no poder, entrou para a política. O relatório fala por si. A primeira declaração de rendimentos, só entrou em 2005 quando chegou a deputado. O então jovem parlamentar registou na primeira declaração a 20 de maio desse ano, rendimentos de apenas 3.109 euros anuais. A partir daí foi sempre a subir: em 2008, apenas como deputado, nos quatro anos seguintes, já apresentou mais de 50.000 euros anuais. De seguida, como ministro e outros cargos públicos, a fortuna pessoal escalou e permitiu-lhe uma vida descontraída de bons carros desportivos, casas, e a arrogância socialista que se lhe reconhece. Mais recentemente, quando promovido a ministro das Infra-Estruturas, o rendimento anual subiu para 90.850,60 euros (isto porque se demitiu do cargo). É por estas e muitas outras, que ser de esquerda é um doce longe do estômago dos dois milhões e meio de pobres e da vida estreita e miserável da maioria dos portugueses.
- Sexta-feira passada, tive uma violenta discussão com o João Corregedor que prometo a mim mesmo ser a última. Foi a propósito do “engenheiro” Sócrates que ele diz ser inocente de todas as acusações de corrupção e do resto. Nem a propósito, saltou para a ribalta a “Operação Marquês” que o tem a chafurdar na corrupção pura e dura. Apareceu o meu amigo, entusiasmado com a entrevista que o fulano deu não sei a que órgão de informação. Que ele é inteligente, conhecedor, comparou, imagine-se, o rendimento médio dos americanos com o dos europeus e aquele é 27% mais elevado e outras meninices do género. Disse que a casa de Paris, perto da da minha amiga Françoise, fora emprestada por um primo e a vida airada do engenheiro de canudo tirado ao domingo, era feita modicamente pelos pequenos bistrôs de Saint-Germain-des-Prés. Evidentemente, com a reforma de deputado, não sendo má, não dá para uma tal vida que incluiu aprendizagem de piano e francês por mais de um ano. O que João não quis saber quando precisa que o Sócrates nunca foi prenunciado, é dos inúmeros e estratégicos recursos que foram adiando o processo e, daí, prescrevendo uma boa parte dos crimes.