Quarta, 25.
Regressar ao conforto de mim, apoiar-me no ombro do meu Criador, fechar a cortina de luz e vento, descer as pestanas de luz, e deixar-me invadir pela paz, o silêncio que murmura orações e cânticos e desce das alturas carregado de bênçãos. Ficar hirto como uma estaca no deserto, tocada pelos temporais que não assustam antes revigoram porque nos sacodem e nos devolvem a identidade perdida na aprendizagem manipulada, nas vozes doces truncadas de falsa sabedoria, no segredo incrustado em nós desde tempos imemoriais. Ler o breviário das horas e descobrir em cada página o percurso das sombras, o sopro das divindades, o eco das preces num mundo breve, ruidoso, sem sentido nem esperança, traçado na ira e ódio que rasteja e ciranda e sobe e desce e contorna cada um de nós da nostalgia do passado, quando os humanos se reconheciam como humanos...