segunda-feira, agosto 26, 2024

Segunda, 26.

No que se entretêm - jornais, televisões, organismos de protecção civil, políticos – é do tremor de terra ocorrido às primeiras horas do dia de hoje. Enfim, Portugal tem uma notícia para dar às crianças que somos cada um de nós. O brouhaha é constante, corre como água para o mar, enobrece o jornalismo das meninas ditas jornalistas que perguntam sem pensarem no que questionam, vamos ter esta ladainha por toda a semana. Eu acordei com ele, abri os olhos e, deixando-me ficar deitado, disse: “Isto é um tremor de terra.” Senti o armário de vidro onde guardo os livros mais chegados a mim, a abanar. Todavia, o que mais me surpreendeu, foi o barulho lá fora que durou uns segundos enquanto o fenómeno teve lugar. Era uma espécie de furacão, com um rasto que parecia uma rajada de vento que uivava enlouquecida. De seguida um largo silêncio. Julgo que voltei a adormecer. Acordei às seis horas e liguei a TSF e ouvi dizer que se havia tratado de um sismo de 5,3 de intensidade, com epicentro em Sines. 

          - Pelas dez, veio aí um técnico para montar o novo esquentador. Logo que desmontou aquele que havia trabalhado 24 anos, olhou para a saída dos gases na direcção da chaminé e concluiu: “Isto é trabalho para limpador de chaminés. Eu só monto estes parelhos.” E abalou. O preço que me pediu (120 euros) não incluía o de limpa chaminés. Ao que chegámos! Somos um país de técnicos especializados. Alguém acredita? Depois acrescentou: “Se for com factura, acresce o iva.” 

         - O que é isto ao lado dos milhares de crianças palestinas que necessitam de ser vacinadas contra a Poliomielite que grassa por todo o lado! Indiferente a este drama, Netanyahu, prossegue as suas investidas assassinas; a ONU avança apesar disso, os seus corajosos e humanos voluntários enfrentam como os nativos a morte. 

         - A turba multa dos senhores deputados começa a invadir o terreno que abandonaram para ir de férias algarvias e no estrangeiro. A algazarra já polui o ar, o ódio fermenta, a corrupção acerta o passo, os sindicatos mandam mensagens a este e àquele, a teia imensa dos iluminados, instala-se. 

         - Aquela não lembra a um tinhoso. Refiro-me à tradicional Festa dos Fachos na ilha da Madeira há mais de uma semana a lutar para pôr cobro aos incêndios que lavram por todo o lado. Apesar disso, a tradição tem de ser cumprida e que se lixe os hectares de área ardida, as pessoas desalojadas, a falta de água, o espectáculo horrendo da Ilha Encantada transformada num enorme torresmo. O povo ordena, a Câmara de Machico amocha.