quinta-feira, agosto 01, 2024

Quinta, 1 de Agosto.

Estas desgraças são cada vez mais frequentes nos dias de hoje. No Reino Unido um rapaz de 17 anos, munido de uma faca, matou várias crianças e feriu muitas outras. A polícia não encontra explicação para o caso e as pesquisas continuam. É assim que as coisas se passam por todo o lado, o método é tirado a papel químico, como se a sociedade fosse abstracta ou alheia ao que nela acontece. 

         - Eu não vou ao ponto de dizer como André Gide: “ Familles, je vous hais.” Todavia, quando outro dia fui desafiado primeiro pelo Jean e a mulher a tomar café e daí a pouco apareceram os portugueses-franceses que eu convidei para a nossa mesa e apresentei aos que estavam, logo se instalou entre eles a ladainha da família salmodiada pela sociedade enquanto padrão de unidade e do consumo como alavanca do todo. A verdadeira imagem dessa sacrossanta catedral é divulgada, a amiúde, por estes e muitos outros casais e não deixa margem para dúvidas quanto à oportuna invenção de um logro monumental. Nenhum daqueles pais e mães confiava nos filhos, todos disseram não contar com eles para uma velhice acompanhada, os portugueses proferiram raios e coriscos das cunhadas, sogras, irmãos, e.... A impressão que fiquei, é que só podemos contar connosco, estamos todos sós, e os crentes da família ainda mais sós e desiludidos. Aos Estados em geral e aos regimes ditatoriais em particular, o conceito de família convém às mil maravilhas porque é possível controlar um grupo e quase impossível uma pessoa só. Nos regimes comunistas, por exemplo, o indivíduo não conta para nada. 

         - A semana passada disse aqui (mas que diabo, esta é a minha página, o diálogo de mim para mim) que estava de saída. Logo um coro que me comoveu surgiu e de entre esse coral, o Filipe, amigo e leitor. Este velho afetuoso, telefonou a saber se estava bem, e disse se eu precisasse se instalaria aqui. Não contente, domingo passado, apresentou-se ao portão para se certificar se estava inteiro. Entrou montado numa soberba máquina que só faltava falar. Aqui esteve uma hora á conversa enquanto o filho se entretinha na Quinta do Conde com outras crianças. Quando ele saiu, pensei: “Como assim! O Filipe, dois filhos, a mulher, a filha do primeiro casamento da companheira já mulher, toda esta gente a viver dentro destes muros! Cruzes, morria logo.”

         - Tenho estado pregado ao ecrã estes dias como nunca estive. Adoro ver os exercícios de cordas e barras, as modalidades da natação onde, enfim, o rapaz das sobrancelhas escuras bem depiladas, de seu nome de batismo, Diogo Ribeiro, alcançou o primeiro lugar. Aprecio muito o estofo francês nesta área com o jovem Léon (como lhe assenta bem o nome!) Marchand já com duas medalhas de ouro.