segunda-feira, junho 24, 2024

Segunda, 24.

É preciso perceber de que falamos quando falamos de justiça. Porque no nosso pobre país há duas justiças: a dos políticos e a dos cidadãos e desta ainda não ouvi ninguém falar. A nota foi despoletada, essencialmente, por socialistas quando se viram vigiados e atacados nas mordomias de classe. Porque a justiça, nestes últimos anos, tem beneficiado largamente os políticos corruptos do PS a começar por José Sócrates e acabar no derradeiro autarca. A esta gente tão defensora da justiça, não lhes ocorre pensar no cidadão comum que não dispõe do dinheiro que eles ganham com os nossos impostos e que, precisamente, no tempo daquele que foi viver para Paris cheio de dinheiro aprender a tocar piano e a falar francês, aumentou as custas processuais deixando a classe média sem possibilidade de se defender. Quem abarrotou os tribunais com processos de corrupção, roubos e falsificações de tanta ordem, foram os astuciosos  governantes, escudados por centrais de advocacia que à força de milhares de euros conseguem arrastar decisões e sentenças com o fito de tudo morrer na estrada longa alcatroada por advogados de fama e resultados adiados sine die até vencerem os prazos. Quem arquitetou estes esquemas e construiu as leis, todos sabemos quem foi. Dito isto, é claro que a Justiça tem de ser melhorada e, sobretudo, sincera e justa e não estar ao serviço de esquemas que favorecem uns e condenam outros. Como, por exemplo, a oportunidade das escutas contra António Costa, no exato dia em que o seu nome era citado em Bruxelas para assumir a pasta de Presidente do Conselho da União. Acho isto uma sacanice. Eu detestei o homem como governante, mas acho que não merece ser tratado deste modo vil e rasteiro. 

         - Já agora este exemplo que nos chegou do Reino Unido e que em Portugal nunca se viu nem verá. Uma família riquíssima, os Hindujas, foi condenada a quatro anos e meio de prisão cada membro, por exploração dos seus empregados trazidos da Índia para trabalharem numa propriedade na Suíça. Os Hindujas são das famílias mais ricas do Reino Unido, o seu património é estimado em cerca de 37 mil milhões de liras (qualquer coisa como 44 mil milhões de euros). Pagavam aos empregados entre 200 e 400 francos suíços mês (mais ou menos o equivalente em euros). 

         - Muito calor. Pouco faço agora lá fora e o pouco começa pelas sete da manhã. Como, por exemplo, limpar a tijoleira do terraço trabalho antes executado pela Piedade e agora por mim. Com lixívia retiro o musgo infiltrado e depois rego por mais uma hora. Que mais? Instalou-se aqui a rebaldaria. Com a chegada dos franceses e dos portugueses-franceses, sou constantemente solicitado para tomar café e almoçar com este e aquele. Apesar disso, as leituras têm sido concluídas e em breve delas darei nota: Memórias Minhas de Manuel Alegre, Desoras de Marcello Mathias, Un hosanna sans fin de Ormesson para não falar da filosofia de Túlio Cícero.