domingo, abril 13, 2025

Domingo, 13.

É com orgulho que digo não ter até hoje e espero até ao fim da campanha para as legislativas, ter visto um único debate televisivo. Não porque tenha mais que fazer, ainda porque lamento o estado da democracia em Portugal onde quem der mais é que vai ter os votos dos portugueses e porque não há novidade nenhuma que saia da boca e desbocados. Este leilão miserável, é a imagem de um povo inculto, dependente do Estado, subserviente, sem dignidade que se deixa arrastar por habilidosos medíocres que usam e abusam da pouca cultura política dos eleitores. 

         - É curioso. O que acima disse do que disse Trump daqueles que o abordam temerosos (justiça seja feita à China que não se ajoelhou para lamber o rabo monstruoso do dito cujo) para negociar taxas e taxinhas que o egocêntrico criou, veja traduzido, como direi, em modo puritano e adaptado. Ontem, no Público: “Estes países andam a telefonar-nos, a bajular-me.” Depois deixa a pecha: “Kissing my ass:” 

         - Ontem fui à Brasileira para me encontrar com o João e com ele acabar por almoçar. Por sua sugestão, fomos ao famoso Varina onde há dois anos estive com a Carmo Pólvora e lá apareceu o Algoritmo à socapa e nos bons anos heroicos com a Isabel e o Saramago todos os domingos. Estava fechado. Ao lado, o Travessa (hoje Osteria) aberto pelo dono do Varina, o famoso senhor António. Coisa moderníssima, sem menus impressos, sem multibanco, obrigatoriedade de internet e passo. Para encomendarmos o que queremos comer, fotografamos o qecode que está no centro do tampo da mesa e a partir do telemóvel pedimos o que queremos papar. Imagine-se esta confusão com o Corregedor! Bom. Preços caríssimos, pratos à moda do Piemonte de onde a proprietária é natural, cerveja a 4,70€, o meu prato pesto barbabietol, o do João lasagna pesto confeccionado como uma tosta de massa onde cabia queijo e outros produtos, sem sobremesa, cafés, nada. No final passa para cá 33 euros. João disse ao empregado guineense, que já não tornava lá porque não gostou do que comeu e detestou a gritaria da música e das vozes altissonantes dos convivas. Que foi ele dizer! Quando vínhamos a descer a rua, veio a proprietária que nos travou o passo pedindo justificações. A mulher é brava, olhos azuis, corpo bem desenhado, fala enérgica e doce conforme a conversa e a motivação do nosso desagrado. Eu tentei amenizar as coisas, pois para mim estava-me nas tintas para o ruído e o simples facto de não ter apreciado o ambiente e a comida, era bastante para lá não voltar a pôr os pés. E pronto. Era tudo. João enreda-se, argumenta, ela diz-lhe que Osteria significa taberna e nas tavernas há barulho, há vida, há alegria. No final as coisas consertaram-se. Ela abriu um grande sorriso e João baixou o tom da voz. Um autocarro minúsculo deixou-nos no Chiado. Ele desceu ao metro e Chiado abaixo com paragem na Anchieta onde o Simão e a Conceição tinham a habitual banca de livros. Stop. Amanhã conto mais. Digo do que me encheu as horas de tal modo que só cheguei a casa pelos oito da noite.