terça-feira, maio 20, 2025

Terça, 20.

O país político habituou-se ao rame-rame e nem a voz autorizada da maioria dos portugueses consegue abanar as hostes dos que afirmam “a luta continua”. Ei-los já a retornar às estratégias, aos slogans, ao enxotar de culpas, comidos pelas ideologias que não os largam desde que beberam alegremente nas teorias marxistas-leninistas e de outros comparsas cuja filosofia mereceu interesse no séc. XIX e hoje mercê do progresso social, económico e da abolição de classes, não fazem qualquer sentido. De certo modo, nunca fizeram, a não ser quando impostas sob a pata das ditaduras que as sustêm. Andre Gide (já aqui disse uma vez), quando após a II Grande Guerra foi convidado para ir conhecer a URSS, no retorno não se coibiu de resumir: “O comunismo é igual ao fascismo”.  

         - Às vezes dou comigo a pensar que Portugal não poderá conservar a democracia por muito tempo. Primeiro, porque os partidos não a aceitam como valor fundamental da unidade nacional; segundo, porque o povo só a conhece enquanto instrumento ou mais-valia do seu quotidiano. Uns e outros estão profundamente enganados. O primeiro porque colhe dela a ambição, o poder absoluto e a força hegemónica das suas teses; o segundo porque é básico em quase tudo e só toma da realidade o imediato, as promessas, as satisfações do dia-a-dia. A liberdade como pilar superior que impera sobre uns e outros, parece não ter importância nenhuma. É a prática, a contestação que no-lo diz. De contrário, como explicar que largas manchas do Alentejo, tradicionalmente comunista, tivessem abandonado a doutrina de Cunhal e abrasassem agora a de André Ventura que nem doutrina tem, mas tem a força bruta da palavra que revira o olhar e transtorna  a cabeça daqueles que vivem sem rumo nem visão do futuro. O Portugal que somos, dizem os entendidos, mudou muito. Talvez nalguns aspectos, mas no essencial, contentes como vejo os políticos por não haver analfabetismo - a sua base cultural é diminuta e os conhecimentos políticos são quase nulos. O português médio, vive entre duas realidades que aparentemente o satisfaz e realiza: o futebol e Fátima. Não é por acaso que Ventura, recuperado da doença que ainda não sabemos que nome tem, assim que se apresentou a alardear vitória, disse que tinha acabado de chegar da missa. São estes truques que embalam o povo devoto, a família egoísta e a ordem social tapada com um grande chapéu de hipocrisia e cinismo. 

         - O grande Ministro da Cultura do senhor António Costa, num artigo ontem no Público com este título: “Estavam à espera do quê?” Gostam deste português? Eu peva. 

         - Quando prenderão Netanyahu e a sua clique de criminosos? Os ataques aumentaram em Gaza nestes últimos dias. Mais de 700 palestinianos mortos e mil feridos. A ONU lançou um apelo desesperado para que abastecimentos de toda a ordem possam entrar na Faixa de Gaza. Há crianças e idosos a morrer de fome, de doenças, abandonadas entre os edifícios em ruínas. Com o alvo voltado para a Ucrânia, a UE pouca atenção tem dado ao que se passa em Gaza. O grande ganhador é o HAMAS que apesar de tantos mísseis despejados sobre o território, consegue deter ainda um considerável número de reféns israelitas. 

         - Fui nadar. Como a sorte estava do meu lado, pude ter uma faixa só para mim. Depois do almoço, sob calor já tórrido, continuei a rapar a erva em torno da piscina. Muita dor de costas. Aquilo que fui no passado e até há meia dúzia de meses, recusa-se a manter-se no presente.