Quarta, 21.
As vozes são mais que muitas a condenar a chacina que Benjamin Netanyahu e seus extremistas judaicos, levam a cabo na Faixa de Gaza. Foi agora a vez do ex-primeiro-ministro Ehud Olmert se juntar ao coro afirmando que esta “guerra sem propósito, uma guerra sem qualquer hipótese de alcançar algo que possa salvar a vida dos reféns” e vai mais longe dizendo o que acontece “em Gaza está muito perto de ser um crime de guerra”.
- Enquanto isto, por cá, o coro anedótico dos partidos prossegue. Esta gente vive fora da realidade, fechada na sua concha de privilégios, atirando flechas uns aos outros, como se Portugal pudesse escapar à depressão de toda a ordem que se aproxima da Europa. Para esta gente fantasiosa, as doutrinas passadiças da História, não conflituam com as suas filosofias presentes, assentes em pequenos episódios de lana-caprina, em raivas pessoais, em delírios de poder. Não se vislumbra uma ideia, um projecto, uma união que tenha em conta o trabalho imenso que há a fazer, não só para reconstruir o que António Costa destruiu, como para enfrentar os novos ventos ciclónicos que ia vêm.
- Sempre fui atingido pela Primavera. Talvez desde a infância que ela me arrasta num raspão de intensidade tal que me paralisa, atormenta, desmembra a pacatez indispensável ao meu existir, à minha mente sobressaltada, à confiança em mim. É como um tornado que entra em mim adentro, me aprisiona numa lassidão terrível que faz parar o cérebro, bule com o sono, constrói a dúvida e instala a morte. Fico à mercê do vazio de um grande e assustador despovoamento.
- Johnson, amável, apareceu aí para me dar instruções de compra da lona para o toldo que adquiri em Badajoz. Depois ficámos à conversa lá fora no lounge ainda sem dignidade. As histórias sucediam-se, umas vezes no seu português difícil de entender, outras no meu inglês de meia-tigela. De um lado e outro, grande reinação. A dada altura, disse-lhe que tudo tenho feito para esquecer o que aprendi em Londres; ele pergunta-me se era por causa de Trump. Respondei, também.