Segunda, 14.
La suite. Deixado o João para trás, encontrei o Simão atrás da sua banca de livros, a Conceição e um luso-americano de seu nome Rui, personagem encantadora por quem senti de imediato afecto. Eu entrara a dizer muito mal de Trump, indiferente ao que ele pensava da droga de presidente. Depois de vários toques, provocação minha, naquele dia incendiado de tremeliques, o coração a abarrotar de liberdade, a frase na ponta da língua, naquela espécie de delírio de que sou muitas vezes bafejado, fomo-nos aproximando e é então que ele se apresenta: pai americano, mãe portuguesa, residência em Alfama “com vista para o castelo de Palmela”, melhor dizendo de onde avista o castelo desta vila. O ditador americano foi ficando pelo caminho, e quem se apresentou à nossa troca de ideias foi Fernando Pessoa que ele diz ser o seu autor de cabeceira. Um ou outro passante parava a ouvir-me. Quando me dirigi a um senhor com bom ar embasbacado à minha frente, perguntei-lhe se estava de acordo comigo quando afirmei que Centeno tirou Portugal da humilhante situação em que os outros países nos tinham sempre condenado, nomeadamente, o Srs. Wolfgang Schäuble e David Cameron e o primário Sarkosy. Ele respondeu-me “inteiramente” e seguiu caminho. Pelo meio, eu que gosto de provocar o Simão, ia arremessando-lhe dichotes e provocações que o seu sorriso tudo apara servindo-se da nossa longa amizade. A tarde descia sobre o Chiado, um rumor de inverno varria as ruas, debruçava-se das janelas e varandas, e eis que aparece o Príncipe, com o seu sorriso enigmático, pé ante pé, a sua pança madrugadora, o seu ar beatíssimo de quem espreita a vida pelo lado de dentro do coração. O humor desceu, não por sua causa, mas pelo arrebate de sentimentos que por ali iam ficando sob os pingos de chuva que ameaçavam engrossar e tornar-se dilúvio. O nosso lente, refugia-se (provavelmente para me evitar devido à história do seu livro de poesia encravado) em conversa com o Simão; eu fico então com aquele furacão americano de uma simpatia e liberdade inopinadas. Alto, magro, desenvolto, pelos trinta anos, todo ele resplandece de simplicidade e naturalidade, a exemplo dos seus concidadãos (fora os das grandes cidades americanas) que são quase infantis e desenvolvem o talento da generosidade e da bondade. Digo-lhe que o que mais gosto no meu refúgio de Palmela, é do silêncio. Responde-me: “Também eu adoro o silêncio.” Momento ideal para abandonar o grupo de amigos e regressar ao rumor do vento, da chuva, do rumorejar plácido que faz o silêncio quando nos abraça na indulgência dos seus dons... Eram oito da noite quando entrei ao portão. Chovia.
- Entreguei o IRS pela Internet. Quando fiz a simulação do reembolso, verifiquei que era praticamente o mesmo do ano passado, tendo sido os patacos em falta recebidos, mensalmente, ao longo de 2024 – prova provada de que as blasfémias da oposição socialista, não passam disso mesmo - calúnias.
- Ontem, Domingo de Ramos, na Ucrânia e nos países católicos, o criminoso Putin ordenou bombardeamentos maciços contra a cidade natal de Zelensky, Kryvyi Rih. Resultado: vários mortos, muitas dezenas de feridos. O ditador não se ficou por ali. Aproveitando a demência de Trump que de inteligente não tem nada, atacou a cidade Sumy com mísseis balísticos de fragmentação, matando 34 pessoas e ferindo mais de cem. Em Zaporizhia um posto de gasolina foi incendiado, em kharkiv morreram 20 pessoas nove das quais crianças. É deste modo que o czar prepara a paz.
- As urgências de obstetrícia estão a fechar a torto e a eito, porque os senhores doutores, como qualquer funcionário público, têm direito à Páscoa gozada no estrangeiro ou no Algarve se vier o bom tempo. As grávidas que vão ter os filhos em estábulos como aconteceu há dois mil e poucos anos com Jesus Cristo. Que pouca vergonha, quem consegue pôr ordem nesta choldra?