Domingo, 29.
É muito corajoso e inteligente o artigo de ontem no Público assinado por Alexandra Lucas Coelho, Israel acabou. O futuro é da Palestina. É meu dever transcrever para aqui algumas passagens que nos elucidam de uma forma abrangente o que se tem vindo a passar na Faixa de Gaza. Em sintonia com ela, por estas páginas passaram algumas das suas ideias e observações. Vejamos. “Há instruções escritas para esta limpeza ética? Para o genocídio? Que se saiba, não. O que só convém às lideranças, como diz Mordechai (historiador da Universidade Hebraica de Jerusalém, doutorado em Princeton) acautelando futuros julgamentos. Mas houve inúmeros apelos à destruição geral de Gaza, comparações dos palestinianos com animais, com bárbaros, com bárbaros, com inimigos da Bíblia, com inimigos da Bíblia, que deviam ser erradicados até aos bebés. Ao mesmo tempo que milhões foram gastos em propaganda para destruir críticos de Israel (incluindo a ONU), comprar vozes pró-Israel, multiplicar histórias falsas. Como eram falsos os 40 bebés decapitados do 7 de Outubro, ou as violações em massa do HAMAS, e relatos feitos pela organização israelita que primeiro esteve nos Kibbutzim atacados, a ZAKA, que Mordechai hoje considera descredibilizada (não porque o que aconteceu a 7 de Outubro não tenha sido atroz, mas porque foi distorcido desde a raiz e aproveitado politicamente.”
- O que nos espera com a chegada de Donald Trump, aconteceu na prisão de Marcy, em Nova Iorque. As imagens mostram vários polícias a esmurrar, a pontapear um pobre negro, magro e indefeso, algemado na enfermaria da prisão, como se fosse um enxergão, até à morte. Uma tal desumanização, um tal desprezo pelo outro, ainda que este outro tivesse exercido sobre a companheira violência extrema, manda o direito e a legitimidade da autoridade, que a justiça seja feita com dignidade e respeito pelo cativo.
- Ontem, tocado pela energia que o dia soalheiro me trouxe, andei uma hora com a roçadora a limpar o espaço em frente à casa. É dos trabalhos que mais gosto de fazer, embora a máquina não seja leve e o movimento de rins contínuo. Quando a noite se alojou e as portadas foram fechadas, respirei uma satisfação indizível, espécie de bem-estar quando somos abraçados e ficamos abandonados nos braços ternos de um amigo.
- Sexta-feira lá fui ao Gama Pinto fazer a biometria. O João meteu na cabeça que não me podia abandonar e, portanto, desde a Brasileira onde nos encontrámos ao hospital, passando pelo almoço e ida a uma grande e monstruosa loja aberta recentemente no Rossio - espaço antes ocupado pelo café-restaurante Suíça, onde ia muitas vezes tomar chá com a tia Dália e o tio Correia. O cuidado do meu amigo, foi ao ponto de mobilizar o genro para me levar de regresso a casa. A Gi que falou à noite e a quem eu contei este afeto, respondeu: “É bom que o tio tenha amigos assim, o tio também é muito dedicado aos outros.” Toma e embrulha, homem de Deus!
- A propósito do João Corregedor. O homem tem um grande e fastidioso defeito que é difícil de aceitar: a sua obsessão política enquadrada na área do PCP. Dizia-me ele que o que as televisões anunciam acerca do avião da Azerbaijan Airlines que caiu em território russo matando 38 pessoas e 29 sobreviveram, é mais um ataque a Putin pois se tivesse sido um míssil disparado por Moscovo, não teria escapado ninguém. Ontem, o presidente da Federação Russa, veio pedir desculpas pelo “trágico acidente”. Como é seu hábito, o ditador empurrou o desastre para a Ucrânia, defendendo-se que vastas cidades russas estavam sob o bombardeamento de Kiev, sem ter a coragem de dizer que o míssil era russo.
- Só tenho que rejubilar. Desde que a Fertagus decidiu aumentar o número de comboios Setúbal/Lisboa/Setúbal deixei de me preocupar com os horários. Saio de casa despreocupado, chego à estação e daí a meia hora ei-lo sempre em ponto na hora estabelecida. Outro dia, esperei no Rato três quartos de hora pelo autocarro 727 (que o João diz ser o 27 parco em precisão).
- Termino com um excelente adágio: “Um curso superior é só um diploma para se começar a aprender.” Os doutores da mula ruça que interiorizem as palavras de um homem culto, equilibrado, experiente e humanista que se chama Marçal Grilo. E de uma vez por todas, que se abule o tratamento saloio de doutor a qualquer universitário e seja atribuído somente aos médicos. Em Portugal, no Brasil e nas áfricas o DR é uma capa de lentejoulas de grande importância que enfeita analfabetos e prepotentes.