segunda-feira, novembro 18, 2024

Segunda, 18.

Ontem pedi à minha amiga que se encontrasse comigo no café da FNAC, acrescentando “o mais tarde possível, mesmo em cima da hora do almoço”. Isto porque tinha saído daqui cedo com o croché na mochila e era meu intento tricotar o máximo possível, ou antes, tanto quanto Ana Boavida mo consentisse. Assim aconteceu. Àquela hora, sendo domingo, na FNAC não havia quase ninguém e muito menos no pequeno bistrot onde só estava eu e um velhote com ar disparado de artista. O rapaz brasileiro que nos serve, é já meu conhecido de há muito e quando chegou sempre o afago com perguntas sobre a sua vida entre nós. Informou-me respondendo à minha pergunta, que não tinha dia de folga ou quando muito, com alguma sorte, lá vinha um só dia de descanso. Bom. As duas horas e meia escoaram num virote. Ana Boavida tinha sido condescendente comigo assim como o marido Santiago Afonso e no final havia enchido página e meia. Quando a Maria João chegou, dei-lhe a ler o que tinha escrito e logo ela: “Oh, isto é muito complicado.” Ri-me lembrando-me de Maria Ondina Braga que não conheci pessoalmente e decerto tinha adquirido os meus livros, conversando com um amigo comum, comentava: “Os livros do  Helder de Sousa são muito profundos.” Posto isto, pergunto: que quer dizer complicado e profundos?  

         - As oposições, como é habitual, não descansam enquanto não correrem com a Ministra da Saúde. Agora agarram-se ao presidente do INEM, um homem por quem tenho simpatia, visivelmente sem experiência em sacanices e fintas partidárias, tímido, frágil e por vezes inseguro e assustado, retrato humano na forma de fazer política, sem ressabiamentos nem jogos de poder e muito menos sem a voz autoritária e mandona da viúva do BE, tão procurada pelos media que um simples traque escapulido inadvertidamente de onde é usual virem, é notícia. 

          - Joe Biden queima os últimos cartuchos da sua governação titubeante e desastrosa. Zelensky, o heroico Presidente da Ucrânia, anda há anos a pedir-lhe que autorize a utilização dos mísseis americanos de longo alcance de modo a defender-se dos ataques distantes de Putin. Agora que está de saída, aquiesceu. A ver vamos se a guerra muda de figura. Macron, honra lhe seja feita, neste particular é mais preciso e incisivo. A revolta, é vermos como o número de horrendos dirigentes cresce por todo o lado. Desde aquele campo de concentração que é a Coreia do Norte, passando pela China e terminando na Argentina, um rol de facínoras canta loas à vitória de Trump. Pode ser que o mundo não vá na direcção que eles se preparam para dar. Eu tenho esperança na humanidade informada e lúcida sobre a qual recaia a bênção da revolta.