terça-feira, outubro 29, 2024

Terça, 29.

Aleluia! Aleluia! Ao cabo de três meses sem carro, ei-lo de novo de retorno. Aparentemente de boa pinta, parecendo conhecer o seu dono e a casa que fora a sua durante uns quinze anos. Logo que o senhor ucraniano mo entregou, fomos passear juntos a fim de nos estreitar-nos e sabermos se ainda nos entendemos e este entendimento é para outros tantos anos tudo aponta que sim. Resta do grande desarranjo caseiro, o furo. Pesquisei nos meus papéis e encontrei o contacto do rapaz que o montou, em 2020. Ficou de cá vir hoje. O electricista que contactei outro dia, observando a bomba que continua a trabalhar, aventou a hipótese de o furo estar seco – facto que excluo por diversas razões. 

         - O Chega, por assim dizer, é um projecto da esquerda, sobretudo do PS e BE. Estes dois partidos tanto o esventraram que expuseram à opinião pública o desejo de o  curar dos males que elas, esquerdas, lhe atribuem a propósito de tudo e nada. Deram-lhe tanta importância que a sua grandeza adveio da importância que lhe foi outorgada por aqueles que o combatem. Em Ventura tudo é estratégia – coisa que o PS e BE ainda não perceberam. O Chega é a imagem do país, analfabeto, preocupado com tudo menos com a democracia, boçal, alheado da política, arruaceiro, vivendo do imediato, com preocupações básicas e o espírito instalado à manjedoura das televisões que substituíram a família, a escola, a religião. A exemplo da aberração Donald Trump, Ventura, seguindo-lhe os passos, vive de petardos que impressionam a esquerda que pretende só ela possuir o garante da democracia. Acontece porém, que o Chega é um partido representado na Assembleia da República, e como tal com liberdade de emitir toda a sorte de disparates, inventar factos, mentir e atacar quem professa ideologias diferentes da sua – se é que tem alguma. Por outro lado, vivemos felizmente em democracia, e como tal com flexibilidade a expressarmos ideias e filosofias nem sempre comummente aceites. A livre expressão do que sentimos não deve ser proibida, mas corrigida quando necessário, dialogada e, se possível, abrangente. 

         - Pois é. Durante muitos anos assistimos à dupla António Mexia e João Manso à frente da EDP, gurus embalsamados pelos media, laureados por serem génios da economia e estrategos exemplares, com lucros de milhões todos os anos. Sabemos hoje que não passavam de aldrabões, tecendo tramas de corrupção e charlatanice, numa espécie de polvo de grandes dimensões, que José Sócrates fingia desconhecer. O PGR acusa um rol de ilustres gestores entre eles o ex-ministro daquele que foi para Paris aprender a tocar piano e a falar francês, Manuel Pinho. A coisa é tão grande, que se julga haver o Estado perdido 840 milhões de euros e, assim, requerer a perda de bens dos arguidos e da EDP Gestão de Produção de Energia e da EDP.