sexta-feira, outubro 18, 2024

Sexta, 18.

Foram os barões do PS que exigiram do seu secretário-geral, senhor Vasco Gonçalves II, que deixasse passar o OE2025 - e o assanhado homem cedeu. Vai-se abster como eu aqui havia previsto (ver nota quarta, 9). Depois de ter andado meses a chagar o país, de tanta comédia, cenas, arrogância, imposições de muita ordem, louvores aos pobres abandonados, aos jovens, coitadinhos, que emigram, por eles, só por eles lutava, depois de tanto paleio inútil, de tanta banha de cobra, o sujeito morre nos ecrãs de televisão diante do seu povo de olhos esbugalhados de surpresa e gratidão. Agora é esperar tranquilamente que seus camaradas mais equilibrados o dispensem para sempre. As esquerdas apedeutas e revivalistas, choram um choro profundo que se espera lave todo o ódio e ignorância que exibem. 

         - Eu não sei como se portava o Outubro em Portugal. Desde tempos imemoriais que não passo este mês em solo lusíada. Quando chegava nos fins do mês, princípios de Novembro, encontrava a quinta muito diferente do que a vejo hoje. Vi as laranjas madurarem desde fim de Setembro, e olho-as agora amarelas com o chão em seu redor juncado de frutos. Dir-me-ão que isto é derivado ao aquecimento, ao desnorte das estações do ano, à falta de água, a não sei mais o quê. Contudo, quando pego numa ou noutra, não lhe vejo marca de picada de insectos. O fruto está intacto, mas não está em condições de se comer. E não irei comê-lo e o meu fígado agradece.

         - Escrevo na Brasileira como aconteceu no início da semana. Terça-feira, um dos simpáticos rapazes que nos servem, veio sentar-se na minha mesa. Li-lhe o parágrafo que tinha estado a compor e logo ele disparou, como já o havia feito quando tomou contacto com este diário: “É uma escrita gulosa.” Voilà ce que je suis devenu: gourmand.