Quinta, 24.
Os extremos aproximam-se. Afinal as célebres cativações caras a Centeno e tão condenadas pelo PSD quando na oposição, voltaram em força com o governo Montenegro-Miranda Sarmento.
- Tanto prejuízo e incómodo para os habitantes das zonas vandalizadas por grupos de africanos descontentes com a morte de um dos seus, pelo que se percebe sob o nervosismo ou descontrolo do jovem agente que o matou, voltaram a acontecer em mais uma noite de Lisboa, Setúbal, Seixal, Barreiro, sítios onde a segregação, pobreza e inadaptação proliferam. O que se passou ontem na Assembleia Nacional, também não ajuda à tranquilidade que todos reclamam e a que têm direito.
- Tempo moche. Continuo sem carro. Evito deslocações e saídas do meu perímetro de vida. Ontem, contudo, fui tomar café com o John e aproveitei para me abastecer do necessário para a cozinha. É curioso como a natureza humana a tudo se habitua. Com três meses apeado, sinto que a pouco e pouco posso viver sem a comodidade da viatura. Bem vistas as coisas, no cômputo final, apesar dos táxis que tenho tomado, devo estar a economizar. Depois, aqui, há sempre tanta coisa para fazer!
- Estou a ler um livro de uma força extraordinária: Férias em Paris de Somerset Maughan (adianto desde já a muitíssimo boa tradução de Elsa Vieira). Foi sempre um autor que me atraiu, não só pelos temas, mas por uma certa descida aos infernos onde almas próximas da dele expiam os seus pecados. A interpenetração das duas personagens principais, Charley e Simon Fenimore, os diálogos entre ambos com a sensibilidade à flor da pele, o precipício ali tão perto e o nobre talento de Maughan a velar pelo interior de cada um, a ampará-los para que o tombo não seja demolidor...
- Faleceu Marco Paulo. Desapareceu uma voz maravilhosa, que até ao derradeiro minuto se conservou igual, em extensão e corpo, maciez e nuance, dignidade e profissionalismo. Graças ao Daniel Oliveira, ele esteve presente na vida dos seus fãs e por pouco não morreria diante das câmaras da SIC, cantando.