quarta-feira, agosto 07, 2024

Quarta, 7.

Isto de ser dono de casa e de si mesmo, não é para qualquer um e exige uma capacidade mental fora do comum nos tempos modernos. A panóplia de assuntos, das passagens subterrâneas administrativas às responsabilidades pessoais, bancárias, caseiras, públicas e privadas, impostos a pagar, contas da água e da luz a liquidar dentro dos prazos, levar o carro ao mecânico, ao banho de limpeza, à fiscalização anual, arrancar a ferros o selo do IUC do computador, ir ao supermercado, ao padeiro, responder aos leitores deste blogue, ufa, ufa, que canseira. Enquanto o cérebro der, cá vou vencendo uma certa apatia, um certo cansaço da vida ritmada pelas urgências de toda a espécie, uma aberração a tudo o que diz respeito às modernas tecnologias, e assim. Para não falar da escrita, da acuidade ao país onde vivo e ao mundo onde ele se insere. Às vezes apetece-me desistir. Depois penso que é esta atenção permanente à diversidade que dá força ao meu cérebro, abre a vida à vastidão do imprevisto, força-me a ir em frente, muitas vezes arrastado, mas sempre atento, vivo e inteiro, percebendo que viver é empenharmo-nos na descoberta de nós próprios e do mundo que nos abriga. Renunciar é pegar a morte pelas orelhas. 

         - O mundo está suspenso da resposta do Irão à precisão bélica dos israelitas. Os EUA, na pessoa do seu secretário dos Negócios Estrangeiros, anda numa roda-viva de contactos quando seria mais fácil cortar o abastecimento de armas a Netanyahu. Esta fantasia política, hoje aceite como normal, só tem nas vendas de armamento o verdadeiro sentido que se sobrepõe ao diálogo - Les affaires d´abord

         - Que moral tem o PS de reclamar de Montenegro uma solução rápida para o SNS, particularmente para as unidades de parto fechadas em quase todos os hospitais públicos, quando ainda nos recordamos o que foram os oito anos da sua governação. É irritante ver aquelas madames do PS, ex-ministras, a entrar nos hospitais todas vaporosas a certificarem-se daquilo que elas deixaram em ruína.  

         - Foram-se os meus sobrinhos: ele na direcção do Algarve, ela para a Foz do Douro. Para trás deixaram uma perturbante presença de afecto. Aqui se viveram bons momentos e ainda agora gozo o prazer da mesa aberta na cozinha onde escrevo estas linhas depois de almoços e jantares de grande convívio. A Gi ajudou-me a regar com abundância todas as árvores da quinta, puxando a mangueira, a tal ponto que, mal ela deixou o portão, elas reclamaram a sua presença; o Helder fez pequenos trabalhos como podar, cortar o excesso de rebentos aos pés das oliveiras, arranjos no sistema de rega automático e ainda houve espaço para fotografia como aqui se documenta.         


Esta foi a IA idiota que produziu.