Terça, 3.
Futebol. Esta praga só tem paralelo com os telemóveis. Um clube francês ganhou não sei que campeonato e logo os tristes franceses inundaram os Champs-Elysées e as principais artérias por todo o país. O seu poder é imenso e pode-se dizer que constitui um estado dentro do Estado. Para conter a maldição, foram mobilizados quarenta e tal mil polícias e mesmo assim houve duas mortes, lojas pilhadas, afrontamentos com a autoridade, prisões, material público destruído, vários agentes feridos, um em estado grave. Tudo isto é o futebol. E mais a imposição com ruas fechadas, estabelecimentos, restaurantes, alterando o quotidiano da população que não embarca naquela loucura e vê-se privada dos seus direitos, da sua vida normal, em favor de uma actividade que é rainha de tudo e de todos. Para não falar nos energúmenos de ambos os lados, que se exibem como reis absolutos deste mundo cada vez mais desigual.
- No intervalo do trabalho de limpeza do terreno que o Sr. António deve hoje concluir, fui à natação. As dores das costas diria que desapareceram, sinto-me renascer das cinzas da mortificação. Provera a Deus que consiga arranjar a piscina de modo a que possa nadar como tenho feito ao longo de toda a vida e foi factor de haver chegado até aqui sem problemas de saúde. Graças ao meu querido amigo Mário Frota que desde muito jovens me incutiu esta actividade desportiva. E à Alzira que me tirou o medo de perder pé quando me incentivou na piscina de Penha de França.
- O desplante. Sábado fui ao mercado do Livramento, em Setúbal. Os figos do Algarve estavam a... 22,90/kg!
- O desespero é quase sempre irmão da violência e às vezes da criatividade. Que o diga o engenho fabuloso de técnica, inteligência e arrojo aplicado pelos ucranianos na guerra contra os russos. O Exército da Ucrânia vergou meio mundo com o programa de ataque com drones que destruiu pelo menos 40 aviões russos. Ainda por cima os alvos estavam a mais de 4.000 km da Ucrânia e os drones construídos com muito pouco dinheiro. Depois de os transportarem durante um ano em caminhões através do território russo, sem serem interceptados, escondidos em telhados do tipo galpões, fizeram o prodígio bélico que espanta meio mundo e deixa Putin de boca aberta. Uma vez removidos à distância, isto é, de qualquer ponto da Ucrânia, os drones voaram praticando com eficácia a sua missão. Zelensky e os seus militares estão de parabéns. Enfrentar o exército pessoal do ditador, é dar esperança à criatividade e à destreza de um povo a sofrer uma guerra injusta há três anos começada por um monstro. E lembrar-me eu que os nossos comunistas, dos poucos que ainda existem na Europa, apoiaram desde o primeiro dia a invasão a um território soberano.