terça-feira, junho 24, 2025

Terça, 24.

Ninguém me consegue explicar – à parte a dança habitual dos políticos que pensam todos em pescadinha e já agora também dos sabichões comentadores – qual a diferença entre arma atómica construída pelo Irão e aquelas outras que alguns países possuem sem que ninguém os obrigue a desfazerem-se delas. Ouço falar americanos e europeus que o regime iraniano é cruel, dominador, envaido de moralidade e dominado por ditadores de crenças religiosas, querendo com isso contrapor os regimes democráticos onde ninguém se sobressai dos demais em decisões de tamanha importância como o disparo de armas nucleares. Com esta particularidade. Foi um país democrático, os EUA,  o primeiro a fazer uso de tais armas de morte e destruição e não uma, mas duas vezes: Hiroshima e Nagasaki. E se um louco democrático como Donald Trump quiser hoje utilizá-la, não pode? Ou o seu camarada Vladimir Putin? Ou aqueloutro varrido dos miolos Kim Jong-un? 

         - O Executivo aprovou a Lei da Nacionalidade. Grosso modo, concordo não fora as excepções que dão a palavra à madre superiora do Bloco de Esquerda e dos seus acólitos. Esta lei faz dos imigrantes pessoas de primeira e de segunda. Os ricos, os dos “Vistos Gold” que ninguém fiscaliza, os profissionais altamente classificados com cartão azul da UE podem fazer o que muito bem quiserem; os restantes ficam sujeitos a todos os entraves, peripécias, demoras e esforços para conseguirem residência entre nós. Não tarda, teremos a vir morrer neste espaço ao sol como lagartixas em fim de vida, toda a casta de oligarcas, de Trump a Putin, de Elon Musk a Mark Zuckerberg. 

         - Fui à piscina. Água gelada a fazer encolher tudo à dignidade secreta da cobiça dos olhares. Ontem, no C.I. adquiri o último livro de Valter Hugo Mãe, Educação da Tristeza. Também abanquei por duas horas na esplanada de A Brasileira em cavaqueira ligeira sobre o peso do mundo actual. Mas quando chegou o João, mal se tinha sentado, já falava contra a América. Debandei de pronto. À chegada a este paraíso, tinha o Nilton de volta da piscina e a sua namorada por ele mandada vir do Brasil há um mês, a ajudá-lo.