Quarta, 18.
O Programa do Governo passou na Assembleia da República apenas com os votos contra dos partidos pequenotes. Que vivem incendiados de lutas, princípios, e todo aquele cacareco ideológico que passam os dias, os meses, os anos a impingiram-nos e assim preencherem o espaço informativo como forma de erradicar os demais. É tão fácil ser-se de esquerda em Portugal! Só me espanta como os portugueses os põem de parte e não compreendem os seus programas eivados de coisas maravilhosas e fraternas e inclusivas e de igualdade e de futuro onde os sóis reinam na imperiosidade do sua sua luz que a todos abraça. Como é possível que ninguém ligue ao Livre, BE, à senhorita dos cãezinhos, ao PCP que é de todos - apesar de não comungar da sua ditadura do proletariado -, tem outra postura e dignidade. Já agora, se me dão licença, retenho do discurso de José Luís Carneiro este princípio que aqui tantas vezes defendi: Os trabalhadores precisam de ordenados condignos e não de subsídios.
- É insuportável aquilo que se passa em Gaza onde crianças continuam a morrer sem que alguém as proteja. Elas vão por comida, mas por cima das suas cabeças descem mísseis que as deixam inanimadas no solo no meio dos escombros. Desde que a ONU se ausentou de levar ajuda aos palestinianos e Israel e os EUA tomaram essa tarefa a seu cargo, que a procura pela sobrevivência parece ter-se transformado numa armadilha para a morte. Só ontem morreram mais de 400 pessoas na busca de comida. Ninguém consegue travar o assassino Netanyahu e seus defensores. A começar pela nossa querida União Europeia.
- Entretanto, a guerra prossegue entre Israel e Irão que furou com os seus drones e mísseis o balão de defesa que Israel julgava invencível. Os ortodoxos e os que acreditam na justeza do primeiro-ministro, ao verem o seu território em ruínas e morte, começam a interiorizar o sofrimento dos palestinianos ao longo destes dois últimos anos e durante cinquenta anos de prisioneiros no seu próprio país. Não sou apoiante do regime dos ayatollah, mas não tolero aquela do amador Presidente dos EUA “exigir rendição incondicional” a um país soberano. Que, por outro lado, a esta hora já percebeu que Putin roeu a corda da parceria que havia feito com o Irão. Penso que a guerra está para durar e em desespero tendo em conta o que a morte significa para os povos islâmicos, ela se estenderá a outras nações. Israel vai sair muito mal deste conflito.
- Ia-me a esquecer. Então não é que o socialista Pedro Sánchez, em vez de correr com o infrator, senhor Santos Cerdán, secretário do PSOE, por haver recebido 620 mil euros em comissões de obras públicas e convocado novas eleições, decidiu pedir desculpa ao povo espanhol e manter-se no cargo. Não é original esta saída socialista!
- Ontem andámos, Johnson e eu, por toda a cidade sob tirania da canícula. Apenas descansámos no restaurante panorâmico do C.I. onde eu lhe ofereci o almoço. O resto das horas, passaram-se em voltas na Baixa em busca de lonas para os toldos. No final, no regresso, o meu vizinho e amigo dizia-me no seu português típico: “Você diz que é coxinho, coitadinho, mas sou eu que estou morto de cansaço.”