Sexta, 11.
Ser oposição é estar sempre a desfazer no adversário, nunca lhe reconhecer qualquer mérito, criar em permanência pressão, arrasá-lo até ao mais ínfimo pormenor da sua vida privada. Esta forma de democracia pacóvia, obriga o cidadão a não ter descanso, a viver com o coração nas mãos, a fazer planos de vida para um dia quando muito um mês. O país vive sempre em estado de sítio, borbulhando entre ódios e malfeitorias, entre mentiras e meias-verdades, na criação de gente balofa, que arredonda a vida e a carteira, tomando importância que apenas é reconhecida pelos seus pares. Basta olharmos para aqueles rostos inchados do vinho tinto, da morcela comida ao deitar, aqueles fatos de cangalheiro com o lencinho na lapela, os sapatos envernizados de noivos infelizes, o aparato que lhes confere a solenidade que as suas vidas nunca conheceram porque sem armação cultural, cívica, social.
- Vem isto a propósito da muita confusão e mentira que invade o meio político-partidário, onde malhar no opositor é disciplina que se aprende na escola do partido. De contrário, vejamos. Fala-se muito do SNS, quase destruído pela excelência que ombreia com altos dirigentes europeus, à imagem de Sarkosy. No entanto, nós que o utilizamos, somos sempre bem tratados, bem recebidos, bem orientados por pessoal médico e auxiliar irrepreensível. O meu caso não será único. A Dra. Margarida Marques, co-operadora com o Dr. João Feijão e minha oftalmologista, telefonou-me a saber como me sinto. Ante o que lhe narrei, disse que, depois da Páscoa, me iria acertar a graduação dos óculos e tudo entraria no normal. Há preço que pague esta gentileza? Sobretudo quando o SNS é usado pelos políticos como moeda de troca para suas as vinganças. A saúde e a reforma são dois temas caros aos irresponsáveis que nos (des)governam.
- Ainda o senhor Costa. Ele e o senhor Medina, venderam-nos a ideia que somos ricos. Vai-se a ver não passamos de uns pobres idiotas inchados de ganância. Como estamos em campanha, somos o que a ambição de poder quer que sejamos. Mas quem nos põe em sentido e faz recuar nas promessas de todos os partidos, é o Conselho das Finanças Públicas que textualmente diz: “A revalorização salarial na função pública e a redução do IRS e IRC posta em prática pelo Governo ao longo dos últimos meses, deverão fazer as contas públicas regressar a uma situação deficitária e pôr em causa as novas regras orçamentais europeias” e até voltar ao deficit.
- Nem por isso os grandes e pequenos partidos desistem. O minúsculo Livre veio dizer que dá 5 mil euros às criancinhas que nascerem a partir de 28 de Maio, o PCP quer o salário mínimo nos mil euros, o PS, entre muito leilão, entrega a cada nascido um Certificado de Aforro, o IL obstina-se em privatizar tudo até a CGD, a viúva do BE promete avultadas quantias para a habitação e assim por diante. Tanta propaganda atrofia-nos e não nos deixa espaço a não ser para votar no leilão eleitoral de quem mais der. É isto democracia? É isto governar? Podemos ter confiança em gentinha desta?
- O mundo está baralhado, perigoso e descrente. De Trump espera-se tudo e nada. a sua gestão pode traduzir-se deste modo: “du n´importe quoi”.
- Andam aí duas mulheres e um homem a podar as laranjeiras e citrinos. Chegaram às sete e meia da manhã e já olhando as árvores me encho de satisfação por vê-las respirar sem dificuldade. Há anos que não me ocupava delas e é com júbilo e de joelhos que lhes imploro perdão por as haver abandonado sem que elas tenham deixado de me dar deliciosos frutos.