Quinta, 7.
À grande calamidade das inundações em Valência, juntam-se agora os roubos e açambarcamentos de produtos alimentares. Parece que a polícia e, sobretudo, os voluntários, patrulham noite e dia as ruas e já conseguiram deitar mão aos meliantes, pelos menos mil foram presos. As recentes imagens, ao cabo de quase uma semana, mostram militares e agentes da polícia em acção no terreno. Os políticos aparecem de vez em quando, mas são corridos de “sacanas” e “filhos da puta”. O número de mortos ainda não está fechado, porque os parques de automóveis das grandes superfícies comerciais, com vários andares, assemelham-se a lagos que os agentes percorrem de pneumáticos em buscas de corpos.
- Zangam-se as comadres e descobre-se o cinismo e a concórdia apregoada como uma das muitas mentiras de que fomos bafejados no período António Costa. No centro da disputa, está o presidente da Câmara de Loures, o socialista Ricardo Leão, no seu propósito de correr das casas camarárias aqueles que participaram nos tumultos em defesa de Odair Moniz, morto pela policia. O Vasco Gonçalves mostrou-se condescendente com ele, mas o clã Costa, em artigo no Público de ontem, assinado pelo abastado socialista de Bruxelas mais os amigalhaços José Leitão e o inefável Pedro Silva Pereira, fazem a apologia da FAUL de onde o autarca acabou de se demitir. Dizem eles que foi na Federação da Ária Urbana de Lisboa, que nasceram muitas das políticas públicas socialistas a favor da integração dos imigrantes, que o socialista camarário com o seu propósito deita a perder. Bem entendido, toda a estratégia do esquerdista agora à frente do PS foi, desde a primeira hora, uma tentativa de banir da memória aquele que se ri de coração e bolsos cheios, anafado de honrarias e, provavelmente, ainda a magicar voos mais altos. Ele é o estratega, o outro o emotivo, o repentista. Entre um e outro, venha o diabo e escolha.
- Antes de deixar Lisboa, ontem, passei no C.I. para comprar o jantar e de caminho o livro de memórias de Alexei Navalny que estou a ler com interesse. O carrasco Putin aparece logo nas primeiras páginas das quinhentas que tenho para devorar. Como é possível (penso nisso muitas vezes) que o Partido Comunista defenda um ditador daquele calibre! Daí que alargue o meu pensar e imagine Portugal sob a alçada do comunismo um dia. Terror, terror.