quinta-feira, outubro 03, 2024

Quinta, 3.

São patéticas aquelas sucessivas reuniões na sede das Nações Unidas, quando se sabe que quem comanda a organização são os Estados Unidos. Por isso, Netanyahu, de costas quentes, permite-se tudo até chamar a Guterres e ao organismo antissemita e, inclusive, nomeá-lo persona non grata. Os países ali representados, perante o espectáculo ridículo das sessões, deviam, pura e simplesmente, abandonar o hemiciclo. Eu, enquanto português, não me sinto ouvido, representado e defendido quando aquilo que opino não serve para coisa nenhuma. Apenas reuniões infindas de blá blá. É um facto como diz hoje no Público João Miguel Tavares e eu aqui disse já por diversas vezes e, nomeadamente, quando António Guterres tomou posse da primeira vez, que ele me parecia fraco no cargo, mas isso acho que foi reparado com a actual posição do secretário-geral da ONU. O que o articulista preferiria era ver Guterres politicamente correcto, eu escolho a actual política do dirigente das Nações Unidas. Outro que fosse, quem manda ali é Biden, os judeus ricos e os interesses evidentes de todos eles.  

         - Assim é que Israel já luta em várias frentes: Faixa de Gaza, Cisjordânia, Irão, Síria sem que a ONU consiga travar minimamente a loucura daquele que quer salvar a pele. No ataque o sul de Beirute, morreram uns quantos soldados israelitas e a destruição por todo o lado é assustadora. Quem vai levantar vidas, aldeias e cidades após a passagem do nazi sem a mínima compaixão? A propósito, a suplica daquele palestino, que clamava num pranto: “Não há força senão em Deus:” 

         - Nestes últimos tempos, os meios de transporte que utilizo são táxis e reboques. Ontem voltei à carga e fui buscar o carro para o trazer aqui para a quinta. Necessito de saber como se encontra depois do primeiro mecânico o dar por inútil. O John que me ajuda no assunto, vem cá esta manhã para com uma corda o levarmos para um técnico seu conhecido, praticamente meu vizinho, ucraniano, que há anos montou oficina aqui perto. Entretanto, o meu mecânico habitual, pessoa que julgo honesta, ofereceu-me um Renault com cento e poucos quilómetros em muito bom estado, de mudanças automáticas, por um preço correcto dando eu em troca o Skoda mais uns milhares. É nisto que estamos. Vamos ver quanto custa a reparação com motor de ocasião e logo encontrarei a saída. Entre parênteses, julgo que houve algum desleixo da parte dos dois seus empregados, dado que o pobre homem já pouco faz devido a problemas graves numa anca. Encontro-o sempre sentado à secretária, quando antes o vi-a debaixo das viaturas a trabalhar.  Exposto isto, não tenho nenhuma apetência nem vocação para esta momice de vida.  

         - Outro dia conversámos ao telefone, Annie e eu com o Robert à escuta. Disse-lhe que estava sem transporte e ela, aflita, logo providenciou o necessário não para a reparação, mas para compra de um pomposo automóvel. Disse-lhe que não aceitava. E ela: “Se o dinheiro não serve para acudir aos amigos, para que serve?” Não me convenceu. Conhecemo-nos há 400 anos, sei que é riquíssima, mas a riqueza nunca interferiu na nossa amizade. Nunca lhe aceitei um chavo e espero continuar. Todavia, quando da intervenção da troika, ela ouvia falar da pobreza em que nos encontrávamos, muitas vezes quis que eu lhe desse o meu iban para me pôr dinheiro na conta. Neguei. Disse-lhe já diversas vezes: “Annie, só recorrerei à tua generosidade quando estiver a passar fome.” Encolhe-se, triste.