quarta-feira, julho 10, 2024

Quarta, 10.

Foi com imenso agrado que assisti à entrevista da Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, na RTP1. Só então percebi que a indicação para o cargo feita por António Costa, foi a sua maior e mais eficaz e única acção política consistente do seu mandato. Porque a senhora é fabulosa, inteligente, pragmática, directa, com personalidade e assertividade, não se refugiando atrás do cargo, pelo contrário, encarando as perguntas e respondendo com conhecimento de causa e chefia bastante para não olvidar nenhum processo ou parecer. É uma personagem, não só pelo porte a um tempo altivo e feminino, presente e ausente, difundindo despreendimento e independência de quem tem consciência das razões que a assistem e da boataria dos políticos afectados pelas suas decisões, sem temor nem fuga aos problemas. Para ela a justiça é a justiça e ponto final. Lucília Gago tem a grandeza das grandes personalidades que escasseiam por todo o lado, enfrenta os problemas e diz olhos nos olhos o que pensa da situação actual, sem deixar de reconhecer os defeitos e injustiças praticadas. Atacada por todo lado, apresenta-se livre e inteira, chama os bois pelos seus nomes, e a dada altura reduz à sua triste insignificância a classe de políticos que acusam o MP de praticar um golpe de Estado, ao deixar claro que a operação Influencer ainda decorre e só no final se saberá qual o grau de infração de Costa e dos camaradas socialistas. As reacções às suas palavras, vieram dos pequenotes habituais: a irritante madame dos cãezinhos, o historiador do Livre e a viúva do BE, ao todo 3 por cento do eleitorado – uma insignificância que só o jornalismo medíocre dá importância. Porque a verdade é que os socialistas e aquele ex-político que passeia num pequeno automóvel vermelho que dá nas vistas pelas ruas do Porto, investem contra o MP e a sua Procuradora. 

         - Luís Montenegro é uma excelente revelação como gestor do país. Ele e grosso modo toda a sua equipa. Mesmo o ex-autarca de Cascais por quem tinha alguma reserva, se revela competente, equilibrado e atento no Ministério das Infra-Estruturas (o desnorte foi a ministra da Justiça, mas nós sabemos as suas origens). 

Vem este preâmbulo a propósito do acordo fechado com os polícias depois de mais de um ano de desordem socialista. Tudo se passou na maior discrição, sem propaganda nem foguetes, simplesmente a obrigação cumprida. O primeiro-ministro não se esganiça como faz o Vasco Gonçalves do PS. É seco, competente e perfeito no tom e na acção.  

         - “... é como o outro do PS que dizia que era filho de sapateiro, mas andava de Maserati”. Conversa, ontem, na Brasileira que apanho a meio entre o empregado de balcão e a colega que tira os cafés.    

          - Ontem terminei o dia no Hotel Roma. Fui levar conforto à Marília e ao João que ali convalesce da operação aos intestinos. Ela foi directamente do Santa Maria para aquela unidade hoteleira. Aqui está uma óptima solução para quem não tem apoio em casa ou tendo como no seu caso, não querem ter a residência devassada pelas visitas.