domingo, maio 19, 2024

Domingo, 19.

O primeiro-ministro da Eslováquia, pró-Putin, sofreu um atentado e está no hospital em estado crítico. O autor é um homem de 71 anos, poeta, decerto conhecedor do país e da política praticada pelo infeliz e pela oposição. Disparou umas quantas balas quando o governante saía para um ofício político, portanto, rodeado de guarda-costas. A Presidente veio à televisão apelar à calma e ao consenso entre facções partidárias que, diz ela, estão muito extremadas. Lá como cá. Não tarda este tipo de ataque acontece, tendo em conta o que se passa todos os dias na Assembleia Nacional. Esta semana foi um escândalo, com o Parlamento inteiro contra o Chega que vive de escarcéus e a oposição não pára de lhe dar púlpito. 

         - O gato reapareceu ao fim de dois dias. Ufa! 

         - Joe Biden teve dois momentos do seu mandato que se portou à altura da típica soberba americana: quando abandonou o Afeganistão e ao ser cúmplice do genocídio dos palestinianos. São duas manchas que um homem da sua idade não devia deixar como testemunho da sua passagem por este mundo. 

         - As esquerdas, sem assunto e do lado paralisado da política, atiram-se a Ventura continuando a dar-lhe tempo lesto de televisão. A mim o que me pareceu, que o líder do Chega quis dizer foi “os turcos não sendo conhecidos por serem o povo mais trabalhador do mundo”, foram capazes de construir o aeroporto de Istanbul em cinco anos, enquanto nós temos precisão de 10 anos para construir o de Alcochete. Foi simplesmente esta comparação que André Ventura fez. Foi infeliz? Talvez. Mas comparando com tantas – mas tantas – outras ouvidas naquele Hemiciclo, desde o tempo de Sócrates onde um governante pôs chifres aos senhores deputados e até em Bruxelas onde os povos do Norte da Europa nos chamaram um povo preguiçoso e gastador, tudo por todo o lado tem sido dito e comentado. Eu sou de opinião que o Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, foi democraticamente fundamental, quando afirmou que a liberdade de opinião não compete a ele comentar, dirigir, contextualizar, proibir. O PS que neste âmbito tem telhados de vidro, devia estar calado e ocupar-se dos interesses do país de das pessoas – exercício que foi muito mal conseguido quando foi poder. Mais: é apanágio da esquerda cercear o exercício livre da opinião, porque ao fazê-lo limita a liberdade colectiva. E quanto ao racismo, o que tenho a dizer é que a esquerda opera apenas em nome da sua ideologia como, de resto, se pode constatar quando ao dizer proteger os imigrantes, o faz deixando-os à fome, ao frio, à miséria pelas ruas, estações de comboios e casas transformadas em camaradas superlotadas. Há em toda esta polémica uma falta de ideias, um salve-quem-puder dramático, mas a cima de tudo uma impressionante falta de qualidade – palavra criada por Cícero a partir do grego e que tanto foi pronunciada no Senado e campanhas públicas.  Eu, como os meus leitores sabem, não sou de maneira nenhuma apreciador do Chega. 

         - Comecei esta tarde a ler o livro de Manuel Alegre, Memórias Minhas. As primeiras oitenta páginas incitam-me a galopar até ao final de 403. Porque a obra é escrita num português simples, ao correr da pena, estruturado sem pretensões, como se o autor pedisse desculpa por se expor aos leitores.